Casal reencontra alianças de noivado à deriva depois de um trágico naufrágio no mediterrâneo - TVI

Casal reencontra alianças de noivado à deriva depois de um trágico naufrágio no mediterrâneo

  • João Guerreiro Rodrigues
  • 25 nov 2020, 11:55
Migrantes resgatados do Mediterrâneo

Ahmed e Doudou estavam a bordo de uma embarcação de refugiados, em outubro, quando o barco naufragou. Acabaram por ser salvos por um pescador, mas perderam tudo aquilo que traziam consigo

Um jovem casal da Argélia pensava ter perdido os seus anéis de noivado para sempre, depois de um trágico acidente no mar mediterrâneo, onde a pequena embarcação em que seguiam ter virado em mar alto. Nessa noite de outubro, cinco das 20 pessoas a bordo acabariam por morrer, incluindo uma menina com menos de dez anos. Ahmed e Doudou sobreviveram, salvos por um pescador, mas como muitos dos sobreviventes, o casal ainda se encontra em profundo estado de choque.

Em declarações à CNN, Ahmad Al Rousan, o mediador cultural dos Médicos Sem Fronteiras em Itália, revelou que os passageiros do baco "estiveram à deriva no mar durante 48 horas", sublinhando que que todos os tripulantes "acabaram por cair ao mar"

Várias semanas depois, a 9 de novembro, a embarcação da ONG Open Arms encontrou os destroços de um barco à deriva no mar. No que restava da embarcação, foi encontrada uma mochila vermelha. No seu interior estava um par de t-shirts, um par de meias, um carregador de telemóvel e dois anéis de noivado com os nomes “Ahmed e Doudou”.

“O nosso primeiro instinto foi de que as alianças pertenciam a alguém que tinha morrido ou ficado perdido durante a viagem”, contou Riccardo Gatti, presidente da Open Arms Itália, à estação de televisão norte-americana.

Sempre que as ONGs encontram pertences pessoais em alto mar, sabem que a probabilidade de os retornarem aos seus donos são praticamente nulas. Ainda assim, membros da Open Arms insistiram em partilhar fotografias da mochila vermelha e do seu conteúdo nas redes sociais.

Quando foi contactado pela Open Arms, Al Rousan admitiu que o seu primeiro instinto foi de que “era impossível encontrar os donos”. No entanto, as fotos acabaram por chegar às mãos de pessoas que estiveram no mesmo barco que o casal, que prontamente identificaram Ahmed e Doudou.

“Falei diretamente com o Ahmed e começou a dizer-me o que estava dentro da mochila, porque a foto que lhe enviei tinha apenas a mochila e algumas coisas no convés. Não mostrava o que estava no seu interior”, contou Al Rousan. "Ele disse-me que estava muito feliz ao ver a foto e que estava muito emocionado por ter de volta os seus anéis, mas ainda está em choque e revelou que: 'Eu fico a pensar nas cinco pessoas que perderam a vida à nossa frente."

Riccardo Gatti garante que agora os pertences de Ahmed serão devolvidos assim que a quarentena de Covid-19 terminar.

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