Uma porta-voz da Open Arms afirmou este domingo que a organização não-governamental (ONG) não quer navegar até Algeciras, como propôs Espanha, dada a “situação insustentável” a bordo, onde mais de cem migrantes esperam por desembarcar há 17 dias.
A situação é absolutamente insustentável”, disse Laura Lanuza à agência Associated Press.
Há ansiedade, episódios de violência, o controlo da situação é cada vez mais difícil. Iniciar uma viagem de seis dias com estas pessoas a bordo, que estão no limite das suas possibilidades, seria uma loucura. Não podemos pôr a saúde e a vida delas em risco”, disse.
O fundador da ONG, Óscar Camps, divulgou uma mensagem no Twitter no mesmo sentido.
“Depois de 26 dias de missão, 17 dias de espera com 134 pessoas a bordo, uma resolução judicial a favor e 6 países dispostos a acolher, querem que naveguemos 950 milhas, uns 5 dias mais, até ao porto mais distante do Mediterrâneo, com uma situação insustentável a bordo?”, questionou.
Horas antes, Camps colocou um vídeo no Twitter mostrando que alguns dos migrantes se lançaram hoje ao mar, para tentar chegar a Lampedusa a nado, sendo salvos por socorristas.
Estamos a avisar há dias, o desespero tem limites. Lançam-se ao mar e os socorristas tentam pará-los”, escreveu.
Avisamos hace días, la desesperación tiene límites. Se lanzan al agua y los socorristas intentan pararlos.@EFEnoticias @AP @Reuters pic.twitter.com/G9ff0DEC90
— Oscar Camps (@campsoscar) 18 de agosto de 2019
Segundo a ONG, quatro migrantes lançaram-se hoje ao mar.
O Governo de Espanha propôs hoje receber o navio humanitário “Open Arms” em Algeciras (sul) face “à inconcebível” recusa de Itália em autorizar o desembarque dos 107 migrantes resgatados do mar há 17 dias.
A inconcebível resposta das autoridade italianas, e em concreto do ministro do Interior, Matteo Salvini, de fechar todos os seus portos, e as dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo central, levaram Espanha a liderar mais uma vez a resposta a uma crise humanitária”, acrescenta.
O “Open Arms” está ao largo da ilha italiana de Lampedusa desde 1 de agosto, quando resgatou 147 migrantes do Mar Mediterrâneo, ao largo da Líbia, mas os dois países mais próximos, Itália e Malta, recusara-lhe o acesso aos seus portos.
Atualmente, estão 107 migrantes e 19 voluntários a bordo, depois de, no sábado, a Itália ter autorizado a retirada de 27 menores não-acompanhados e de várias operações para retirar do navio pessoas a precisar de assistência médica urgente. No entanto, o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, disse publicamente que autorizava o desembarque com desagrado.
Apesar de, na quinta-feira, seis países europeus – Portugal, Espanha, Alemanha, França, Luxemburgo e Roménia – se terem oferecido para receber os migrantes a bordo do navio humanitário, o "Open Arms" continua sem autorização de Salvini para aportar.