Médicos Sem Fronteiras iniciam atividades no Mediterrâneo com navio próprio - TVI

Médicos Sem Fronteiras iniciam atividades no Mediterrâneo com navio próprio

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  • MJC
  • 13 mai 2021, 10:42
Migrantes

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) vai iniciar atividades de busca e salvamento com o seu próprio navio, para resgatar refugiados e migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo Central a partir da Líbia, anunciou a organização

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) vai iniciar atividades de busca e salvamento com o seu próprio navio, para resgatar refugiados e migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo Central a partir da Líbia, anunciou a organização.

De acordo com um comunicado da organização não-governamental (ONG), desde 2015 “as equipas médicas da MSF que trabalham em navios de busca e resgate testemunham com horror a tragédia humana que se desenrola às portas da Europa, enquanto milhares de pessoas se afogam no mar ou são devolvidas à força às condições terríveis na Líbia”.

Assim, a MSF resolveu alugar um navio, o Geo Barents, para “resgatar pessoas em perigo e fornecer atendimento médico de emergência”.

O nosso retorno ao mar é o resultado direto das políticas imprudentes da Europa, que ao não fornecerem assistência no mar estão a condenar pessoas à morte”, disse Ellen van der Velden, gerente de operações da MSF para busca e resgate.

Desde o início do ano, mais de 500 pessoas morreram a tentar cruzar o Mediterrâneo Central.

Segundo a organização, um terrível naufrágio ocorreu em 22 de abril e custou pelo menos 130 vidas.

De acordo com a nota, “quem não morre no mar corre o risco de ser intercetado ao largo da costa da Líbia pela guarda costeira líbia, apoiada pela União Europeia (UE), e regressar à força à Líbia. A maioria acaba arbitrariamente trancada em centros de detenção perigosos, onde estão expostos a riscos fatais, como maus-tratos, violência sexual, exploração e até morte”.

Ao longo dos anos, os governos europeus desvincularam-se progressivamente da busca e resgate proativos no Mediterrâneo central, falharam em ajudar as pessoas em perigo e impediram deliberadamente, se não criminalmente, o trabalho tão necessário das ONG de busca e resgate”, diz van der Velden.

Para a MSF, essas políticas levaram ao abandono de "milhares de homens, mulheres e crianças à deriva no mar, que se afogam na fronteira sul da Europa”.

A MSF pede o fim do apoio da UE à guarda costeira da Líbia e às pessoas que estão a ser repatriadas à força para a Líbia.

Não vamos ficar em silêncio diante deste desastre causado pelo homem”, diz Van der Velden.

“O apoio da UE ao negócio do sofrimento deve cessar imediatamente. Os Estados-membros europeus devem garantir que um mecanismo dedicado e pró-ativo de busca e resgate liderado pelos Estados seja relançado com urgência no Mediterrâneo central”, declarou ainda a responsável.

Segundo a organização, “nos últimos 50 anos, a MSF tem fornecido ajuda humanitária e médica de emergência para pessoas em algumas das crises mais desafiadoras do mundo”.

Hoje, “MSF está a voltar ao mar para cumprir o imperativo humanitário de salvar vidas”, de acordo com a MSF.

Desde o lançamento das atividades de busca e salvamento em 2015, a MSF posicionou equipas médicas a bordo de sete navios de resgate, às vezes a operar os navios em parceria com outras organizações. No total, as equipas da MSF participaram em 682 operações de busca e resgate e ajudaram mais de 81.000 pessoas.

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