Refugiados: fecho de fronteiras "põe em causa um dos príncipios da UE" - TVI

Refugiados: fecho de fronteiras "põe em causa um dos príncipios da UE"

Campo de refugiados na Grécia. Das 131.724 pessoas que conseguiram atravessar o Mediterrâneo em 2016 a maioria chegou à costa grega

Autarca alemão defende a cooperação entre países da UE, bem como ajudas à Turquia para lidar com a crise migratória, em vez do simples fecho de fronteiras

Cada país europeu deve receber refugiados em função das suas possibilidades, defendeu esta segunda-feira um autarca berlinense, que recebeu no seu distrito 3.000 refugiados desde o ano passado, apelando à união da Europa.

“Somos uma Europa unida e seria adequado que cada país, em função das suas possibilidades, acolhesse um determinado número de refugiados”, disse o presidente de Steglitz-Zehlendorf, um dos doze distritos de Berlim, numa conferência em Lisboa onde foi discutida a situação dos refugiados na Alemanha, o país europeu que mais migrantes acolhe.

No dia em Portugal recebeu mais 64 refugiados sírios, terão chegado a Berlim entre 150 a 200 novo refugiados, a média diária de acolhimento da cidade alemã, segundo Norbert Kopp.

O autarca, que está contra o encerramento das fronteiras internas, destacou que o estabelecimento de limites máximos de refugiados e o fecho de fronteiras “põem em causa um dos princípios basilares da União Europeia: a livre circulação de pessoas.

Já no que diz respeito às fronteiras externas, considerou que seria importante que na cimeira União Europeia-Turquia, que tem hoje início, fossem tomadas decisões no sentido de restabelecer a proteção das fronteiras externas e monitorizar a fronteira da Turquia com União Europeia.

“Tal como não se pode deixar a Grécia sozinha a lidar com a questão dos refugiados, também não se pode deixar a Turquia sozinha. É preciso apoio e financiamento”, sublinhou Norbert Kopp.

Salientou ainda que é necessário que a Turquia reforce o controlo da sua costa que é usada pelos traficantes de pessoas para chegar à Grécia.

“É preciso que a Turquia estabeleça um controlo para impedir estas atividades”, frisou o mesmo responsável.

Norbert Kopp explicou também como é que o seu distrito com 305 mil habitantes está a lidar com o acolhimento e a integração dos refugiados, integrando por exemplo, as crianças em turmas especiais, para facilitar a aprendizagem da língua e de contactos sociais, para depois serem transferidas para turmas normais.

Outro dos objetivos passa pela aquisição de terrenos para a construção de aldeias-contentores, já que centenas de refugidos encontram-se atualmente em ginásios, sem quaisquer condições de privacidade.

Desde o ano passado chegaram à Alemanha 1,1 milhões de refugiados que são depois distribuídos pelos 16 estados federados do país. Berlim recebe 5% do total e os seus 12 distritos acolhem os migrantes em função do número de habitantes.

Steglitz-Zehlendorf acolhe 8% de refugiados e é também o distrito responsável pelo encaminhamento dos 5 mil menores não acompanhados que se encontram em Berlim e aos quais são atribuídos tutores.

Cada tutor deveria ser responsável por 50 crianças, mas atualmente existe apenas um para cada mil.

Norbert Kopp disse que os recursos humanos vão ser reforçados, estando neste momento a ser analisadas 700 candidaturas de voluntários, para avaliar o seu perfil e idoneidade, num processso que é necessariamente “lento”.

De acordo com Rui Marques, da Plataforma de Apoio aos Refugiados, já chegaram a Portugal, no âmbito do programa de recolocação, 133 refugiados.

“Até ontem [domingo] tinham chegado 69 refugiados, que chegaram aos poucos ao nosso país. Esta madrugada chegou o ultimo grupo no âmbito do programa de recolocação, num total de 64 pessoas”, disse à Lusa Rui Marques, salientando que Portugal mostrou-se disponível para acolher 10 mil refugiados.

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