Dois secretários do Ministério da Economia do Brasil pedem demissão - TVI

Dois secretários do Ministério da Economia do Brasil pedem demissão

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  • 12 ago 2020, 07:17
Paulo Guedes

"Eu, se pudesse, privatizava todas as estatais, mas o trabalho não está a andar nessa dimensão e o Governo está preocupado", disse o ministro da Economia ao comentar os pedidos de demissão do secretário de Desburocratização e da Desestatização

Os secretários especiais de Desestatização e da Desburocratização, Gestão e Governo Digital do executivo brasileiro pediram a demissão por não verem os seus projetos em andamento, anunciou na terça-feira o ministro da Economia.

Com as demissões do secretário especial de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e do responsável pela secretaria de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, sobem para oito as baixas em cargos importantes da equipa económica do Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que tomou posse em janeiro de 2019.

O Salim disse-me hoje [terça-feira] o seguinte: 'a privatização não está a andar, eu prefiro sair'. E o Uebel disse-me: 'a reforma administrativa não está a ser enviada, eu prefiro sair'. Esse é o facto, não escondo. Houve uma debandada? Hoje houve uma debandada!", afirmou à imprensa o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes.

Guedes admitiu que o ritmo das privatizações que tinha delineado está lento, assim como a reforma administrativa está parada.

O ministro da Economia indicou ainda que pretende privatizar as empresas Eletrobras, PPSA-Pré-Sal Petróleo S.A, Correios e Docas de Santos. Contudo, frisou que não há datas concretas para avançar nesse sentido.

O que o Salim me disse é que é muito difícil privatizar, (...) que é tudo muito difícil, muito emperrado. O que eu sempre disse é que (...) para privatizar, cada um de nós tem de lutar. Não adianta ficar à espera da ajuda do papai do céu, tem que lutar", afirmou Guedes, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Em janeiro deste ano, a Secretaria Especial de Desestatização divulgou ter como meta reduzir a participação do Governo de 624 para 324 empresas controladas, subsidiárias, coligadas e de simples participação.

De acordo com o Ministério da Economia, o Governo brasileiro obteve, em 2019, 105,4 mil milhões de reais (16,6 mil milhões de euros) em processos de desestatização e desinvestimento, fruto da retirada de participação em 71 empresas.

Foi um resultado bom para um primeiro ano de Governo e vamos aumentar o ritmo em 2020. 2019 foi um ano focado na reforma do sistema de pensões. Este ano, vamos ter uma meta ousada para atingir em termos de valor e empresas. (...) O nosso objetivo é reduzir ainda mais", disse, na ocasião, Salim Mattar, que agora abandona o programa de privatizações de Paulo Guedes.

Após a reforma do sistema de pensões ter sido alcançada no ano passado, o Governo de Bolsonaro procurava aprovar em 2020 a reforma tributária, com a qual tencionava simplificar os impostos no país, e que esperava que fosse discutida no Congresso durante o primeiro semestre deste ano. Contudo, a proposta só será enviada no próximo ano.

Com o secretário Paulo Uebel é a mesma coisa. A reforma administrativa está parada. Então ele reclama que a reforma administrativa parou", disse Guedes, ao comentar o pedido de demissão do secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.

 

Eu, se pudesse, privatizava todas as estatais. Mas para privatizar todas, temos de privatizar primeiro duas ou três. E nós não conseguimos privatizar duas ou três. Isso é preocupante. O trabalho não está a andar nessa dimensão. É natural que o Governo esteja preocupado", admitiu ainda o governante.

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