Bebé de dois anos retido com a mãe na China desde que nasceu - TVI

Bebé de dois anos retido com a mãe na China desde que nasceu

  • AG
  • 18 jul 2019, 15:14
Xinjiang

Austrália pede ao Governo chinês que liberte a família. O pai tem nacionalidade australiana e nunca chegou a ver o filho

A Austrália pediu formalmente ao Governo chinês que liberte mulher e criança, que estão retidos na região autónoma de Xinjiang desde 2017. Mãe e filho viram os seus passaportes confiscados e desesperam por regressar à Austrália, onde têm à espera o marido e pai. Apesar de Nadila Wumaier não ter nacionalidade australiana, o filho tem. O ministro dos negócios estrangeiros chinês já reagiu, prometendo uma ponte de diálogo para resolver a situação.

Na Austrália, é Sadam Abudusalamu quem sofre. O homem alerta para a situação desde abril de 2018, altura em que as autoridades chinesas confiscaram o passaporte à sua mulher. Também ele de etnia uigur, nunca viu o filho, que nasceu já na China. O menino vai fazer dois anos em agosto.

Vivo na Austrália, mas parece que estou sobre pressão do Governo chinês”, disse Sadam Abudusalamu em declarações ao The Project.

 

A ministra dos negócios estrangeiros da Austrália confirmou o pedido formal nesta quarta-feira: “A embaixada em Pequim pediu formalmente que a China deixe que a senhora Wumaier e o seu filho viajem para a Austrália”.

Eu aprecio mesmo o que [a ministra] está a fazer, mas como pai e como marido continuo a precisar de mais”, afirmou Sadam Abudusalamu.

 Já esta quinta-feira, surgiu uma reação por parte do Governo chinês, que se mostra disponível a negociar: “Se o lado australiano providenciar informação detalhada de forma bilateral, nós vamos oferecer a assistência necessária”, disse o ministro dos negócios estrangeiros da China.

Espero que possam manter a palavra”, disse à ABC Sadam Abudusalamu sobre as palavras do lado chinês.

A repressão das minorias étnicas na região de Xinjiang não é de agora, mas vários países enviaram uma carta às Nações Unidas a expor a situação. Um dos 22 países que ratificou o documento enviado a 8 de julho foi a Austrália, juntando-se a nações como a França ou o Japão. A carta denuncia a discriminação da China àquela comunidade muçulmana, acusando o país de manter cerca de dois milhões de pessoas presas numa espécie de campo de concentração.

Pedimos à China que atualize as suas leis nacionais e obrigações internacionais e que respeite os direitos humanos e as liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de religião e de crença”, pode ler-se na carta enviada às Nações Unidas.

O envio da carta motivou uma verdadeira guerra política. Em resposta à exposição às Nações Unidas, um conjunto de 37 países respondeu, defendendo os interesses chineses em mais uma carta enviada para as Nações Unidas. Ao lado da China estão países como a Rússia ou Angola.

A região de Xinjiang é uma das poucas zonas da China onde a população é muçulmana. Grande parte dos habitantes são de etnia uigur, normalmente originários do Turquemenistão.

 

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