O antigo presidente egípcio islamita Mohamed Morsi está preso em condições que não respeitam as normas internacionais e que poderão levar à sua morte prematura, refere um relatório divulgado esta quarta-feira por uma comissão britânica independente.
Após a sua destituição em 2013 pelas forças armadas dirigidas então por Abdel Fatah al-Sissi, eleito depois presidente, Morsi, 66 anos, foi condenado a um total de 45 anos de prisão pelos casos de incitação à violência contra manifestantes no final de 2012 e espionagem a favor do Qatar.
Atualmente é mantido em isolamento 23 horas por dia em condições de detenção que podem ser consideradas tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante, indica o relatório da comissão encarregada de investigar a situação de Morsi.
As nossas conclusões são categóricas”, afirmou o deputado Crispin Blunt, presidente da comissão, ao apresentar o relatório no parlamento britânico, acrescentando que "em relação ao seu estado de saúde, a recusa de um tratamento médico básico ao qual tem direito pode levar à sua morte prematura”.
O antigo presidente sofre de diabetes e de insuficiência renal.
Segundo Crispin Blunt, “o conjunto da cadeia de comando até ao presidente atual” pode ser considerado “responsável” pela situação.
Citado no relatório, Abdullah Morsi, filho do ex-presidente, apela à comunidade internacional para denunciar as suas condições de detenção e pressionar “o governo egípcio para que autorize a família a visitá-lo e para que ele receba tratamento médico”.
A comissão indica ter elaborado o relatório com base em “testemunhos disponíveis” e diz ter pedido, em vão, às autoridades egípcias para se encontrar com Morsi.
Primeiro presidente egípcio democraticamente eleito e antigo membro da Irmandade Muçulmana, agora proibida, Morsi está preso desde o golpe de Estado militar de julho de 2013. Também foi condenado à pena de morte, sentença que foi anulada.