HRW pede investigação sobre morte de ex-presidente do Egito - TVI

HRW pede investigação sobre morte de ex-presidente do Egito

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  • 18 jun 2019, 09:39
O ex-presidente do Egipto Mohamed Morsi

A organização não-governamental Human Rights Watch pediu uma investigação sobre o acesso à assistência médica e aos alegados maus tratos sofridos ao longo dos anos por parte do ex-presidente do Egito Mohamed Morsi, que morreu na segunda-feira

A organização não-governamental Human Rights Watch pediu uma investigação sobre o acesso à assistência médica e aos alegados maus tratos sofridos ao longo dos anos por parte do ex-presidente do Egito Mohamed Morsi, que morreu na segunda-feira.

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, cuja próxima sessão começa a 24 de junho, deve estabelecer uma investigação sobre as graves violações aos direitos humanos no Egito, incluindo os maus-tratos generalizados nas prisões do país e sobre a morte de Morsi, apontou a Human Rights Watch (HRW) em comunicado, na segunda-feira.

A morte do ex-presidente Morsi seguiu-se a anos de maus-tratos do governo, confinamento solitário prolongado, assistência médica inadequada, privação de visitas familiares e acesso a advogados", sublinhou, na mesma nota, a diretora para o Médio Oriente e Norte da África da HRW, Sarah Leah Whitson.

A estação nacional de televisão do Egipto informou que Mohamed Morsi, de 67 anos, que governou o país entre 2012 e 2013 antes de ser derrubado pelos militares, morreu na segunda-feira durante uma comparência em tribunal onde estava a ser julgado por “espionagem”.

Morsi, 67 anos, desmaiou durante a sessão, precisou a cadeia televisiva.

Estava a falar perante o juiz há 20 minutos, e numa fase muito enérgica desmaiou. Foi de imediato transportado para o hospital, onde morreu”, disse uma fonte judicial citada pela cadeia televisiva Al-Jazeera.

A organização de direitos humanos denuncia que “o Gabinete do Procurador Geral do Egipto divulgou uma declaração dizendo que o juiz permitiu que Morsi falasse durante cinco minutos no tribunal antes de perder a consciência”.

“A declaração diz que uma equipa de investigadores, incluindo o diretor da Autoridade Médica Forense, examinará as gravações no tribunal e o arquivo de saúde de Morsi. A declaração não especificou o motivo direto da sua morte”, denunciou a HRW.

Segundo a ONG, o Governo egípcio falhou durante seis anos na proteção dos direitos básicos de Morsi. “A família de Morsi disse à Human Rights Watch que só puderam vê-lo na prisão três vezes em seis anos”, denunciou.

Morsi era diabético e declarou aos juízes em ocasiões anteriores que sofreu comas diabéticos por causa da falta de atenção médica adequada em relação à sua dosagem de insulina e dieta”, acrescentou a ONG.

Morsi foi enterrado hoje em Medinat Nasr, um bairro no leste do Cairo, disse um dos seus advogados à AFP.

"Ele foi enterrado em Medinat Nasr, no leste do Cairo, na presença da sua família. A oração fúnebre foi feita no hospital da prisão em Tora", onde foi declarado morto na segunda-feira, disse o advogado, Abdelmoneim Abdel Maksoud.

Morsi tornou-se no primeiro presidente democraticamente eleito do Egito em 2012, após a rebelião da Primavera Árabe em 2011 que terminou com o regime autocrático do Presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos.

Em julho de 2013 foi deposto, na sequência de protestos de massas e um golpe de Estado militar.

Morsi cumpriu apenas um ano do seu mandato de quatro anos, e enquanto os Irmãos Muçulmanos, a organização a que pertencia, foi ilegalizada após o golpe e se instalava uma intensa repressão contra diversos setores da sociedade egípcia.

O Tribunal criminal do Cairo tinha adiado para hoje o julgamento de Morsi e de outros 23 indicados num caso de “colaboração com o Hamas”, o movimento palestiniano que controla a Faixa de Gaza.

Em novembro de 2016 o Tribunal de apelo anulou a sentença de prisão de Morsi e outros 21 réus, incluindo alguns condenados à pena de morte, no mesmo caso, e ordenou a repetição do julgamento.

Morsi, que enfrentava diversos julgamentos, estava a cumprir 20 anos de prisão efetiva após ser acusado de envolvimento na morte de manifestantes em 2012, e ainda uma pena de prisão perpétua por espionagem, num caso relacionado com o Estado do Qatar.

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