O criador de moda franco-tunisino Azzedine Alaïa, uma “lenda” no setor cujas coleções eram apresentadas seguindo um calendário próprio, fora do frenesim das semanas de moda, morreu sábado em Paris aos 77 anos.
A notícia, avançada pelo semanário francês Le Point, foi confirmada à agência de notícias France Presse (AFP) pela Federação de Alta Costura e da Moda.
O “costureiro iconoclasta”, uma “lenda na indústria da moda”, como lhe chama a revista Vogue na sua edição 'online', nasceu em Tunis em fevereiro de 1940, cidade onde estudou na Escola das Belas Artes.
Aos 17 anos mudou-se para Paris, onde começou por trabalhar como alfaiate para Christian Dior. Antes de abrir um 'atelier' em nome próprio, no final dos anos 1970, trabalhou também com Guy Laroche e Thierry Mugler.
Na década de 1980 produziu a sua primeira coleção de pronto-a-vestir, acabando por marcar a moda daquela década e tendo entre as suas clientes as cantoras Tina Turner, Madonna e Grace Jones.
Figura atípica da moda em Paris, Azzedine Alaïa marcava os desfiles seguindo um calendário próprio, fora do frenesim das semanas da moda e sem encenações extravagantes.
Azzedine Alaïa fazia muita roupa por medida, em Alta Costura, mas também pronto-a-vestir, ignorando a ditadura da renovação sistemática a cada temporada [as coleções de moda são habitualmente apresentadas duas vezes por ano]: chegou a propor o mesmo vestido ‘intemporal’ dois anos seguidos.
Em 2000, assinou um acordo com a italiana Prada, que lhe permitiu desenvolver-se, mas que decidiu terminar sete anos depois a favor de uma afiliação no grupo suíço de artigos de luxo Richemont. Apesar desta mudança, nada mudou na maneira de Azzedine Alaïa criar, trabalhando incansavelmente à noite ao som de velhos filmes.
A morte do criador franco-tunisino já provocou várias reações de pesar, caso dos "colegas" Pierre Cardin e Jean-Charles de Castelbajac.
É um criador de moda muito talentoso que parte. Eu conhecia-o pelo seu trabalho. É uma notícia muito triste”, afirmou Pierre Cardin, em declarações à AFP.