Arctic Sea, espiões israelitas e mísseis russos para o Irão - TVI

Arctic Sea, espiões israelitas e mísseis russos para o Irão

Arctic Sea

«Sunday Times» noticia que Mossad estaria a seguir navio e conta uma versão muito diferente da oficial

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A versão oficial do desaparecimento do Arctic Sea indica que o cargueiro transportava madeira para a Argélia, foi sequestrado por oito homens - quatro estónios, dois russos e dois letões que vão ser julgados na Rússia - e foi resgatado por um navio russo perto de Cabo Verde. Mas esta versão tem sido posta em causa. Há dois dias, o jornal austríaco «Salzburger Nachrichten» noticiou que o mistério do Arctic Sea tem a ver com o transporte ilegal de mísseis para o Irão. Este domingo, o britânico «Sunday Times» publica uma história semelhante, citando fontes militares de Moscovo e Telavive.

«A versão oficial é ridícula e teve a finalidade de salvar a face do Kremlin, disse uma fonte militar russa ao jornal londrino, que aponta que a polícia secreta israelita Mossad, que segue detalhadamente os passos de Teerão no que toca ao mercado de armamento, estava também com os olhos postos no Arctic Sea pelo menos desde as reparações que recebeu em Kaliningrado.

Terá sido neste porto russo, segundo disseram fontes militares israelitas ao «Sunday Times», que o navio recebeu um carregamento sensível de mísseis S-300 - a tecnologia de ponta da indústria de armamento da Rússia no que toca a projécteis antiaéreos. Uma fonte da Força Aérea Israelita disse ao jornal ainda que, caso o Irão tivesse este tipo de armamento para responder a um raid de Telavive a instalações nucleares, o número de baixas de Israel poderia subir 50 por cento.

Sequestro orquestrado pela Mossad?

Esta preocupação, de acordo com as fontes consultadas pela publicação britânica, terá colocado em acção a Mossad. E poderá ter sido mesmo a secreta israelita a alertar Moscovo sobre a delicadeza da carga, numa altura em que o governo russo tenta travar o descontrolo sobre os seus arsenais e impedir que caia armamento com a sua assinatura no mercado negro.

Fontes da capital russa sugeriram que o sequestro do navio, no Báltico, terá tido mão da Mossad, através de um grupo criminoso que nada saberia sobre a presença de armas a bordo. «A melhor forma para os israelitas travarem o cargueiro de chegar ao Irão seria criar muito barulho em torno do navio», disse um antigo oficial russo.

«Assim que as notícias do sequestro rebentassem, os traficantes de armas estariam fora de jogo», apontou, explicando depois o papel neste enredo da Rússia: «Os russos tiveram de actuar. É por isso que não excluo que a Mossad esteja por detrás do sequestro. Ele travou o carregamento e ofereceu ao Kremlin uma saída para agora reivindicar que montou uma brilhante operação de resgate».

Mistério continua

Apesar de, aparentemente, resolvido de forma oficial, há várias dúvidas que se levantam sobre o Arctic Sea, adensadas pelo secretismo imposto por Moscovo. Durante mais de uma semana, depois de terem sido libertados, os membros da tripulação foram impedidos de contactar a família, o capitão do barco e três membros da tripulação ainda continuam no navio, sem conseguirem telefonar para casa. Até a visita do presidente israelita a Moscovo, um dia depois do barco ter sido localizado, tem servido para alimentar as dúvidas de quem não acredita que um navio carregado com madeira pudesse suscitar tanto secretismo.

Este sábado foi noticiado que o Arctic Sea poderia estar ao largo de Lisboa, depois do jornalista russo Mikhail Voitenko - que levantou as primeiras suspeitas sobre o caso e fugiu do país após ameaças - ter dado conta que em «5 e 6 de Setembro» o navio iria estar ao largo da capital portuguesa para abastecer. Contactada pelo tvi24.pt, a Marinha Portuguesa negou que o cargueiro estivesse em águas territoriais portuguesas ou que houvesse qualquer pedido para dar entrada nelas.
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