O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, declarou, esta quinta-feira, "o fim do Estado Islâmico", depois de as tropas do país terem recuperado a emblemática mesquita de Mossul onde o líder dos jihadistas, Abu Bakr al-Baghdadi, declarou o califado em julho de 2014, naquela que foi a sua única aparição pública.
A conquista da Mesquita de al-Nuri e do minarete al-Hadba, que voltam a estar sob a alçada da nação, marca o fim do Estado Islâmico de falsidade", disse o primeiro-ministro em comunicado, citado pela agência Reuters. Haider al-Abadi acrescentou que já “emitiu instruções para levar a batalha à sua conclusão”.
A reconquista da Grande Mesquita de al-Nuri tem um peso simbólico para as forças iraquianas que tentam, há mais de oito meses, capturar Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, refere a Reuters.
O estado fictício deles caiu", afirmou um porta-voz militar iraquiano, Yahya Rasool, à televisão pública iraquiana.
As autoridades do Iraque esperam que a longa batalha por Mossul termine nos próximos dias, uma vez que os combatentes do Estado Islâmico já só controlam alguns bairros da Cidade Velha.
A queda de Mossul marcaria o fim da metade iraquiana do califado dos jihadistas, embora o grupo ainda controle o território a oeste e a sul da cidade. As forças armadas iraquianas estimam que cerca de 350 militantes do Estado Islâmico ainda ocupem a zona.
A mesquitam de al-Nuri, que tem o nome do governante turco de Mossul e Aleppo, que ordenou a sua construção em 1172, foi praticamente toda destruída com explosivos, há uma semana. Na sequência do ataque, o minarete onde a bandeira negra do Estado Islâmico predominava desde 2014 também se desmoronou.
Os Estados Unidos e o primeiro-ministro iraquiano garantem agora que foi mesmo o Estado Islâmico que explodiu o histórico minarete e o que restava da mesquita. Haider al-Abadi classificou o ataque da semana passada como uma “admissão da derrota” por parte da organização jihadista. Uma demonstração de que o grupo preferiu destruí-la a deixá-la intacta aos inimigos.
Já na quarta-feira, as tropas iraquianas afirmavam estar cada vez mais próximas do controlo total de Mossul, após a conquista de mais dois distritos na Cidade Velha, numa zona a norte da mesquita que esta quinta-feira foi dada como recuperada.
O coronel José Scrocca, porta-voz da coligação árabe e curda, apoiada pelos EUA, disse que a presença do Estado Islâmico em Mossul está reduzida a "poucas centenas" de militares.
Na cidade velha, são poucos os militares que conseguem manter a posição", explicou Scrocca.
Nas palavras do coronel, o principal desafio das forças iraquianas e da coligação é "encontrar um equilíbrio delicado" bélico que dê para "proteger civis a tempo de não morrerem à fome".
Os jihadistas que restam estão a usar civis como escudos humanos e bombistas suicidas para travar o avanço das forças especiais. Milhares de pessoas conseguiram escapar, mas o exército acredita que, em Mossul, continuam umas 50 mil, quase sem água, comida ou medicamentos.
Três anos após o auto-proclamado califado, a cidade-bastião do Estado Islâmico está agora praticamente de regresso às mãos das tropas iraquianas, mas ainda à espera de ser totalmente libertada, numa operação pela reconquista que foi encetada há cerca de oito meses com o apoio dos Estados Unidos da América.