A população do Zimbabué parece ter ignorado o apelo da oposição à greve geral, desta terça-feira, verificando-se nas ruas a agitação normal de quem se desloca para o trabalho, segundo a estação de televisão britânica Sky News, citada pela agência Lusa.
No dia em que o Movimento para a Mudança Democrática (MDC) espera que a população aceite o apelo à greve geral, a Sky News adianta que as lojas estão abertas e que o movimento é igual a um qualquer dia normal.
A estação de televisão avança três razões para um possível fracasso da greve geral.
Segundo um jornalista da Sky, no local, a «população não tem emprego, por isso trabalha por conta própria. Portanto, se não forem trabalhar não têm dinheiro».
Os poucos que têm emprego «estão preocupados com a possibilidade de o perderem, devido à falta de trabalho no país», refere a Sky.
Segundo o jornalista britânico, uma outra possível razão poderá ser a fraca capacidade do MDC de mobilizar a população.
A oposição do Zimbabué, que apelou à greve geral, está a pedir à população que «permaneça em casa» e «que corra o mínimo de riscos» para evitar qualquer confronto com as forças da ordem.
«Nós apelámos à população para que não se desloque para o trabalho. Portanto, fiquem em casa», afirmou o secretário-geral do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), Tendai Biti, à rádio pública sul-africana SAFM.
O apelo à greve geral «não tem como objectivo um confronto físico com o ditador», frisou.
«É um apelo à ausência no trabalho, o que implica o mínimo de riscos», frisou.
O número de elementos das forças de segurança foi aumentado em todo o país devido à convocação da greve, e as autoridades preveniram, segunda-feira, que castigariam «severamente» quem provocar problemas.
Oposição apelaou à greve geral após rejeição de recurso
O apelo à greve surgiu após a rejeição, segunda-feira, do recurso interposto na justiça, pelo MDC, para a divulgação imediata dos resultados das eleições presidenciais de 29 de Março no Zimbabué.
Após a divulgação da decisão do Tribunal, a oposição apelou de imediato à greve geral, que deverá prolongar-se até que os resultados das eleições sejam publicados.
«Pedimos às pessoas para protestar contra a Comissão Eleitoral do Zimbabué, que ainda não anunciou os resultados», afirmou segunda-feira o vice-presidente do MDC, Thokhozani Khupe.
Cerca de três semanas após a realização das eleições, o Zimbabué continua sem conhecer o resultado das presidenciais entre o actual Presidente Robert Mugabe, 84 anos, que concorre a um sexto mandato na chefia do Estado, e o líder da oposição Morgan Tsvangirai, 56 anos.
O MDC reivindicou já a vitória do seu candidato, enquanto a Comissão Eleitoral ordenou a repetição, no próximo sábado, da contagem dos votos em 23 dos 210 círculos eleitorais para todas as eleições realizadas a 29 de Março (presidenciais, legislativas, para o Senado e municipais).
O MDC anunciou segunda-feira, entretanto, que vai recorrer da decisão e apelar ao Supremo Tribunal de Justiça para a divulgação imediata dos resultados eleitorais.
A Comissão Eleitoral já divulgou os resultados das eleições legislativas, nas quais o partido do presidente Robert Mugabe perdeu a maioria que detinha há 28 anos na Câmara dos Deputados.
Zimbabué: greve geral sem adesão
- Redação
- JRS
- 15 abr 2008, 10:04
População parece ter ignorado apelo da oposição
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