Corpos esqueléticos e bebés ainda com o cordão umbilical: as imagens que mostram o drama dos rohingya - TVI

Corpos esqueléticos e bebés ainda com o cordão umbilical: as imagens que mostram o drama dos rohingya

  • SS
  • 14 nov 2017, 14:50
Reportagem da Sky News mostra o desespero de milhares de rohingya

Pela primeira vez, uma equipa de jornalistas independentes entrou no estado de Rahkine, em Myanmar, e registou as imagens que denunciam a violência do exército sobre o povo rohingya

Mulheres de corpos esqueléticos, recém-nascidos subnutridos, crianças abandonadas à sua sorte. Estas são algumas das milhares de vítimas da violência exercida pelo exército de Myanmar sobre o povo rohingya. Uma reportagem da Sky News mostra, de forma impressionante, o drama de milhares de rohingya que, encurralados, tentam sobreviver sem abrigo, sem comida, sem qualquer tipo de ajuda. 

As imagens da Sky News foram registadas numa praia no estado de Rahkine, em Myanmar, onde, desde agosto, o exército tem destruído vilas inteiras do povo rohingya. As autoridades de Myanmar recusam a entrada de jornalistas independentes na região, pelo que a equipa de reportagem britânica partiu de barco, do Bangladesh, e durante a noite, para chegar à terra onde reina a escuridão e o desespero.

O que encontraram foi um cenário verdadeiramente desolador. Milhares de pessoas estão ali há semanas, muitas há meses até, esfomeadas, em tendas de plástico, suplicando por ajuda. Os militares colocaram armadilhas e engenhos explosivos à volta da praia. Estão ali encurralados, à espera.

As imagens mostram mulheres e bebés de uma magreza tal que impressiona. Logo no início da reportagem, a jornalista Alex Crawford encontra uma mulher extremamente magra, que mal se consegue mover.

Ela mal consegue mover-se. Olhem para os seus braços. Consigo pôr a minha mão inteira à volta dos seus braços", sublinha Crawford.

Mais à frente, surge um bebé subnutrido, com apenas sete dias. Depois, há um outro bebé, este apenas com 24 horas de vida, que ainda tem o cordão umbilical. 

Há crianças sozinhas, abandonadas à sua sorte. Há mães a chorar compulsivamente porque não conseguem proteger as suas crianças. Fartos de esperar por uma ajuda que não chega, há homens que constroem jangadas rudimentares para conseguirem fugir. 

Toda a gente está exausta. Estas pessoas estão severamente traumatizadas e estão com muita, muita fome", diz, a certa altura, a jornalista.

E mesmo para os que conseguem chegar ao Bangladesh, em jangadas e embarcações sobrelotadas, o pesadelo continua "num país que não os quer".

Eles esperam encontrar aqui [Bangladesh] algum descanso, um escape ao trauma vivido em Myanmar. Eles conseguiram sobreviver, mas isto ainda não acabou. Eles estão a fugir para um país que não os quer", conclui Crawford.

O povo rohingya é uma minoria étnica muçulmana que é considerada pela ONU um dos povos mais perseguidos do mundo. A maior comunidade do mundo está na antiga Birmânia, país predominantemente budista, no estado de Rakhine. 

Desde o final de agosto que o exército de Myanmar lançou uma ofensiva contra esta comunidade, depois de alguns rebeldes rohingya, do chamado Exército Arakan de Salvação Rohingya, terem atacado alguns postos policiais. A operação depressa gerou críticas da comunidade internacional e foi considerada uma "limpeza étnica".

A Organização das Nações Unidas (ONU) informou em meados de outubro que já chegaram ao Bangladesh mais de meio milhão de refugiados rohingya.

A UNICEF alertou que a maioria, cerca de 58%, são crianças que sofrem de desnutrição e estão expostas a doenças infeciosas e a perigos à integridade física e moral.

 

Veja a reportagem completa:

 

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