Imagens de satélite revelam que a destruição de aldeias rohingya continua - TVI

Imagens de satélite revelam que a destruição de aldeias rohingya continua

  • Sofia Santana
  • 24 jul 2019, 12:55
Mais de 400 mil rohingya já fugiram da Birmânia devido à violência

Apesar de o governo de Myanmar ter prometido repatriar e proteger os refugiados que tiveram de fugir do país depois da escalada de violência, em 2017, um novo relatório denuncia que os esforços nesse sentido têm sido "mínimos"

Imagens de satélite mostram que as aldeias da comunidade rohingya em Rakhine, no Myanmar, continuam a ser destruídas pelos militares do país, apesar de o governo ter prometido repatriar e proteger os refugiados que tiveram de fugir do país depois da escalada de violência, em 2017.

Um relatório do Instituto Australiano de Estratégia Política (ASPI, em inglês), divulgado esta quarta-feira, revela que os esforços para repatriar os cerca de 700.000 rohingya que tiveram de fugir do país, como o governo havia prometido, têm sido “mínimos”.

 Não encontramos sinais de preparações para que os refugiados rohingya possam regressar em segurança e com condições dignas”, lê-se no texto.

As mais de 320 aldeias que foram destruídas não foram objeto de qualquer reconstrução.

Pior, cerca de 58 aldeias foram demolidas em 2018 e, em 2019, imagens de satélite sugerem que esta destruição tem continuado.

O que me surpreendeu mais foi a escala de destruição que continuou depois de 2017. Não foram apenas algumas vilas ou algumas casas destruídas entre 2018 e 2019. Os militares foram atrás de paisagens inteiras e queimaram todas as vilas”, afirmou Nathan Ruser, um dos autores do documento, citado pelo The Guardian.

 

 

As imagens de satélite mostram que ao invés de reconstruirem as aldeias dos rohingya no estado de Rakhine, as autoridades de Myanmar têm-se focado na construção e no alargamento de campos de refugiados, que têm sido muito criticados pelas organizações de direitos humanos.

Os ativistas consideram que estes campos são “prisões ao ar livre” e que o objetivo dos militares não passa por repatriar os refugiados, mas por assegurar que não haja casas habitáveis para onde estes possam voltar.

Desde 2017, mais de 700 mil muçulmanos de origem rohingya fugiram das suas aldeias em Myanmar para o Bangladesh devido à repressão dos militares birmaneses.

A comunidade internacional, sobretudo a ONU, tem exortado a líder do governo birmanês, Aung San Suu Kyi - que até foi Nobel da Paz em 1991 - , a terminar com as perseguições à minoria muçulmana, frequentemente descritas como uma “limpeza étnica”.

Myanmar não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e sujeita-os a diferentes tipos de discriminação, incluindo restrições à liberdade de movimentos.

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