Entre 10.000 e 15.000 refugiados rohingya chegaram nas últimas 48 horas ao Bangladesh, elevando para 582.000 os que fugiram de Myanmar desde finais de agosto. Os números foram avançados esta terça-feira pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), estas pessoas encontram-se numa zona de arrozais, enquanto esperam os controlos das autoridades para serem transferidos para os principais acampamentos criados para acolhê-los.
Cerca de 60% dos refugiados rohingyas são crianças, segundo dados da Unicef. Esta organização já alertou que, se não receber em breve novas contribuições para acudir a esta emergência, terá de cortar a ajuda que disponibiliza.
Os números divulgados pela ONU surgem no mesmo dia em que a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denuncia que cerca de 300 aldeias do povo rohingya foram incendiadas em Myanmar desde 25 de agosto, durante a última ofensiva do exército.
A organização divulgou imagens de satélite que mostram 288 aldeias destruídas no estado de Rahkine, no noroeste do país.
As últimas imagens de satélite mostram o motivo pelo qual meio milhão de rohingyas fugiram para o Bangladesh em apenas quatro semanas", afirmou Phil Robertson, repsonsável da organização para o continente asiático.
Em comunicado, a HRW diz que uma análise destas imagens permite concluir que pelo menos 66 aldeias foram atacadas após o dia 5 de setembro, ou seja, depois de o exército de Myanmar ter dado como terminada a operação.
New satellite images confirm mass destruction in #Burma.
288 villages, 10000s of structures torchedhttps://t.co/J4OSWdtQeV#RohingyaCrisis pic.twitter.com/S3OOOtlMw1
— Human Rights Watch (@hrw) October 17, 2017
#Myanmar govt/army blatant lies! Claim #Rakhine 'clearance' end Sept 5. But 66 #Rohingya villages burned after that! https://t.co/uYU08AwOs3 pic.twitter.com/j6O2O7YFze
— Phil Robertson (@Reaproy) October 17, 2017
A ofensiva do exército foi iniciada depois de alguns rebeldes rohingya, do chamado Exército Arakan de Salvação Rohingya, terem atacado alguns postos policiais. A operção depressa gerou críticas da comunidade internacional.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos do Homem acusou Myanmar de levar a cabo “um exemplo clássico de limpeza étnica”.
O povo rohingya é uma minoria étnica muçulmana e hindu que é considerada pela ONU um dos povos mais perseguidos do mundo. A maior comunidade do mundo está na antiga Birmânia, país predominantemente budista, no estado de Rakhine.