David, formado em relações internacionais, viajou 18 mil quilómetros, desde a sua cidade natal, Christchurch, na Nova Zelândia, até à Suíça, para realizar o sonho de trabalhar na Organização das Nações Unidas. Mas a realidade que encontrou foi bem diferente da que esperava. O estágio não remunerado não garantia alojamento e, por falta de dinheiro, a única opção que teve foi dormir numa tenda, equipada com um mini fogão portátil e um colchão, num jardim perto do Lago de Genebra.
Unpaid #UN intern David Hyde forced to live in tent near the UN Beach Club http://t.co/FRCtyx56yi
— Olalla Tuñas (@olalla_tunas) August 11, 2015
A história foi publicada pelo jornal suíço Tribune, na terça-feira, depois de o jovem ter passado uma noite ao relento, no meio de uma tempestade, enquanto os seus colegas estavam hospedados no ONU Beach Club. A notícia chocou a população na Suíça e levou muitos a ofereceram-lhe estadia.
Contudo, o jovem recusou as ofertas e decidiu demitir-se.
“Estou a anunciar a minha demissão do programa de estágios na sede europeia das Nações Unidas”, disse, às portas da ONU. “A decisão é minha e decidi demitir-me porque senti que seria demasiado difícil continuar a focar-me no meu trabalho como estagiário nesta altura”.
David fez questão de salientar que sempre soube que a ONU não oferecia qualquer tipo de “salário ou remuneração, não ajudava com os custos dos transportes, despesas alimentares ou de assistência médica” e que ninguém o forçou a viver numa tenda. O jovem garante que fez tudo de livre vontade.
O rapaz afirmou que já tinha candidatado várias vezes para posições na ONU, mas que tinha sido sempre recusado, por não ter condições para se autossustentar. David só foi aceite porque mentiu à organização. Aparentemente nem os seus pais sabiam que estava a viver num jardim.
“Digam que sou novo e sonhador, mas acho que este não é um sistema justo”.
Um porta-voz da ONU, Ahmad Fawzi, afirmou que uma assembleia geral decidiu que a ONU não deveria pagar aos estagiários.