Jovem enfrenta onda de críticas por protestar contra abusos sexuais nas escolas da Tailândia - TVI

Jovem enfrenta onda de críticas por protestar contra abusos sexuais nas escolas da Tailândia

Nalinrat Tuthubthim

Estudante está a ser acusada de manchar a imagem do país e enfrenta ameaças de queixas-crime por deturpação

Nalinrat Tuthubthim tem 20 anos e está a enfrentar uma onda de críticas por ter protestado contra os abusos sexuais nas escolas da Tailândia.

A jovem, agora estudante universitária, chamou a atenção da sociedade tailandesa numa manifestação em Banguecoque, onde denunciou que foi assediada sexualmente quando andava na escola.

Vestida com o uniforme escolar e de boca tapada com fita-cola preta, Nalinrat envergou um cartaz onde se podia ler: "Fui abusada sexualmente por professores. A escola não é um lugar seguro".

A imagem da jovem suscitou críticas pelo país: uns criticam-na por não ser uma estudante a sério, outros partilham imagens da sua conta pessoal de Instagram onde se mostra com "roupas reveladoras".

Nalinrat enfrenta agora ameaças de queixas-crime por deturpação e ataques por manchar a imagem da Tailândia.

Quando uma não-estudante veste o uniforme da escola e atrai tamanha atenção da sociedade e das redes sociais, tem de assumir a responsabilidade por isso e por tudo o que acarreta", disse Pareena Kraikupt, membro do parlamento tailandês pelo partido do primeiro-ministro.

Pareena Kraikupt adiantou à agência Reuters que está a planear apresentar uma queixa na polícia contra a jovem por usar uniforme escolar quando não é estudante, e pede também uma investigação à escola em questão por causa do suposto assédio.

Já o senador Somchai Sawangkarn condenou a jovem universitária por prejudicar a imagem da Tailândia e considera que esta deve ser punida se a investigação às acusações que fez as provar falsas.

O impacto da mensagem

O debate sobre abusos sexuais nas escolas tem vindo a acentuar-se na Tailândia. Um movimento antigovernamental em busca da reforma da monarquia tailandesa tem encorajado os cidadãos a protestar, numa sociedade onde o conservadorismo restringe as críticas àqueles que têm poder, de forma frequente.

Enquanto Nalinrat enfrenta milhares de comentários negativos nas redes sociais, os apoiantes da jovem defendem que a mensagem não se pode perder num mar de críticas sobre se esta escolheu, ou não, a melhor forma de protesto.

Vários governos têm prometido tornar as escolas seguras paras as crianças, mas tem sido feito muito pouco para acabar com os abusos sexuais", defende Sunai Phasuk, investigador de Direitos Humanos.

Um inquérito da YouGov, de 2019, revela que um em cada cinco tailandeses já sofreu de assédio sexual, com os homens quase tão propensos a enfrentá-lo quanto as mulheres.

A forma mais comum de assédio sexual foi a agressão sexual, relatada por 44% das pessoas que já sofreram assédio. Apenas 10% disseram ter denunciado o episódio à polícia.

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