Miséria foi arrasada à força de buldózeres - TVI

Miséria foi arrasada à força de buldózeres

  • Paulo Delgado
  • 14 mar 2017, 11:49

Mais de duas mil pessoas foram corridas do bairro de lata onde sobreviviam desde o devastador terramoto que quase as matou há dois anos. Governo do Nepal quer assim obrigá-las a voltar para as suas povoações

Dois anos após o terramoto que matou cerca de nove mil pessoas e arrasou muitos edifícios e infraestruturas num dos países mais pobres do planeta, agora foram os buldózeres que acabaram com o bairro de lata Chuchepati, localizado em Katmandu.

A polícia de choque cercou o bairro na capital do país, encravado entre o nordeste da Índia e a China, onde se localiza o Monte Evereste, o mais alto cume dos Himalaias e do planeta.

Em 2015, estima-se que cerca de um milhão de habitações foram destruídas pelo terramoto. De então para cá, a reconstrução tem sido lenta. Pouco mais de 70 mil famílias conseguiram reerguer as suas paredes, mas mais de meio milhão recebeu um apoio do governo, de 500 dólares, cerca de 468 euros, para o fazer.

Deviam pegar no dinheiro que receberam do governo e reconstruir já as suas casas", sentenciou Him Nath Dawadi, um dos governantes locais, citado pela agência noticiosa Reuters.

Por esta razão, o bairro de lata de Chuchepati, com as suas barracas erguidas com bambu, plásticos e ferro velho, foi arrasado. Deveria ser apenas um campo temporário de acolhimento dos que ficaram sem abrigo após o terramoto de 2015, que constituiu o maior desastre natural de que há memória no Nepal.

Mais de 600 mil famílias atingidas pelo terramoto esperavam um apoio da ordem dos dois mil dólares do governo. Algumas estarão entre as cerca de 500 que sobreviviam no bairro de lata de Chuchepati e que agora, tudo o indica, ficam ao deus-dará.

Não tenho nenhuma casa minha para reconstruir e não encontro nenhum quarto para arrendar e sair do campo", são as palavras de um homem de 52 anos, Bimal Dulal, ouvido em Chuchepati pela agência Reuters, onde está desde o terramoto de 2015.

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