Pelo menos três portugueses terão sido detidos desde segunda-feira na Venezuela. A informação é avançada pela Agência Lusa, que cita fonte da comunidade portuguesa no país. Inicialmente foram dados como desaparecidos, mas depois verificou-se que teriam sido detidos pelas forças de segurança.
Estamos a viver momentos de angústia, primeiro porque não sabíamos nada, estavam desaparecidos, e agora porque já sabemos que estão detidos e não sabemos como ajudá-los", explicou o familiar de um dos detidos à Agência Lusa.
A comunidade está indecisa entre dar visibilidade às detenções, identificando os detidos, dar declarações aos jornalistas ou manter-se em silêncio, pois não sabe qual será a opção mais benéfica para os portugueses e temem que possam vir a ser "acusados de terrorismo e submetidos a julgamentos em tribunais militares", apesar de serem civis.
Pensa-se ainda que existam vários luso-descendentes entre os detidos, já que nas comunidades em protesto vivem pelo menos 200 mil portugueses e luso-descendentes.
Os organismos de segurança reprimiram fortemente os manifestantes, com gás lacrimogéneo e tiros de borracha, uma situação que teve efeitos contraproducentes, levando a que mais pessoas se unissem aos protestos.
Ao mesmo tempo que ocorrem as manifestações, dezenas de estabelecimentos comerciais foram saqueados por populares e há várias estradas bloqueadas pela população.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 1 de abril, altura em que o Supremo Tribunal de Justiça divulgou duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.
Dados oficiais dão conta de que pelo menos 48 pessoas já morreram desde o início da crise.
Maduro avisa Trump: “Tira essas mãos porcas da Venezuela!”
O ambiente continua a ferro e fogo. Donald Trump condenou fortemente o Governo de Maduro e aplicou uma nova ronda de sanções, mas o presidente da Venezuela não aceitou bem a intromissão.
Chega de intromissões. Vá para casa, Donald Trump, saia da Venezuela. Tire essas mãos porcas daqui”, disse num discurso transmitido em direto.
A administração Trump impôs sanções ao juiz principal e a outros sete membros do Supremo Tribunal da Venezuela. O novo pacote de sanções visa aumentar a pressão sobre Maduro após uma repressão aos protestos de rua.
Na quinta-feira, Trump já tinha expressado o descontentamento face à Venezuela, alegando que o país enfrentava um boom de probreza e que a situação era “uma desgraça para a humanidade”.
Inicialmente, Maduro tinha até instado o mundo a dar uma hipótese a Trump enquanto presidente, mas a situação vivida na Venezuela tem desencadeado inúmeras reações e condenações por parte de Washington, fazendo com que, agora, a repulsa seja mútua.
As agressões do presidente Trump contra o povo venezuelano, o seu governo e as suas instituições ultrapassaram todos os limites", disse numa declaração do Governo, onde acusou Washington de tentar desestabilizar a Venezuela e de fomentar a intervenção estrangeira.
A declaração também acusou a Casa Branca de financiar a oposição venezuelana, ignorando os problemas internos como a desigualdade de rendimentos e as violações de direitos.
As posições extremas deste governo só confirmaram o carácter discriminatório, racista, xenófobo e genocida das elites dos EUA contra a humanidade”, disse na declaração.