Brasil regista queda de 22% nas mortes violentas - TVI

Brasil regista queda de 22% nas mortes violentas

  • HCL
  • 25 nov 2019, 19:04
Favela da Rocinha no Brasil cercada por militares

Números correspondem aos primeiros nove meses de 2019

O Brasil registou uma queda de 22% no número de mortes violentas nos primeiros noves meses do ano, em comparação com o período homólogo de 2018, segundo dados referentes aos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal.

Os números foram recolhidos pelo portal de notícias G1, que criou uma plataforma com o índice nacional de homicídios do Brasil, e que revela que entre janeiro e setembro deste ano foram assassinadas 30.864 pessoas, menos 8.663 mortes do que aquelas registadas no mesmo período do ano passado (39.527).

Apenas em setembro passado houve 3,3 mil assassinatos, contra os 4,1 mil assinalados em setembro de 2018.

Crimes caem em todo o país, 22% de assassinatos a menos nos nove primeiros meses do ano em comparação com 2018. 8.663 vidas poupadas. Mérito das forças de segurança estaduais, distritais e federais e da maior integração durante o Governo do Presidente Jair Bolsonaro", escreveu o ministro da Justiça do Brasil, Sergio Moro, na rede social Twitter.

O governante acrescentou ainda que essa diminuição "anima a prosseguir ainda mais. Os números remanescentes ainda são muito altos, infelizmente. Precisamos de mais eficiência da investigação e de maior rigor e certeza da punição para coibir a criminalidade, entre outras medidas", concluiu.

 

 

Porém, apesar da redução do número de mortes violentas no país sul-americano, o G1 frisa que os valores ainda são elevados, com uma média de cinco mortes a cada hora.

O estudo indica ainda que todos os estados do país apresentaram uma redução de assassinatos no período em análise, com destaque para o Ceará, Rio Grande do Norte e Acre, que alcançaram uma queda acima dos 30%.

Apesar dos governos, tanto federal como estadual, atribuirem a redução da violência aos seus esforços em prol do combate ao crime, o investigador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), refere que os motivos podem ser outros.

Esta nova cena vem sendo protagonizada na última década por grupos que se articulam a partir das prisões, em redes que estendem até o lado de fora dos muros. Nesse contexto, as oscilações nas taxas de violência podem variar de acordo com as rivalidades ou alianças em cada estado, já que a competição no mercado lucrativo das drogas pode produzir violência", disse Paes Mando, citado pelo G1.

"Os governos capazes de impor custos aos grupos violentos, a partir da identificação dos mandantes de assassinatos ou identificação dos autores das mortes, tarefa que atualmente tem sido feita a partir de escutas em prisões, tendem a induzir a tréguas ou acordos entre rivais para a diminuição de conflitos", indicou o investigador.

O levantamento do número de mortes violentas no Brasil faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP, e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

 

Rio de Janeiro tem maior número de mortes por agentes policiais este ano

O estado brasileiro do Rio de Janeiro registou 1.546 mortes por agentes policiais entre janeiro e outubro deste ano, o maior número desde 1998, quando o Instituto de Segurança Pública (ISP) inicou a sua série histórica.

O número de mortes nos primeiros 10 meses deste ano já é superior aos 1.534 homícidios efetuados por agentes do Estado em todo o ano de 2018, que tinha sido, até então, o ano com mais mortes deste tipo registadas.

Os números são do ISP e não englobam os valores parciais do corrente mês.

Contudo, o ISP reforça que em outubro, as mortes por intervenção de agentes do Estado diminuíram 6% em relação a setembro e caíram pelo terceiro mês consecutivo: 194 casos em julho, 170 em agosto, 153 em setembro e 144 em outubro deste ano.

Na comparação com outubro do ano passado, ocorreu um aumento de 13% no números de mortes às mãos de agentes policiais.

Por outro lado, 21 polícias militares perderam a vida em serviço nos primeiros 10 meses do ano, três deles em outubro passado. De acordo com o instituto, nenhum polícia civil perdeu a vida este ano, no decorrer da sua atividade profissional.

O ISP revelou ainda que até outubro último, as polícias civil e militar apreenderam 7.215 armas de fogo no Rio de Janeiro, o que significa que, em média, 24 armas foram retiradas das ruas por dia.

Desde que assumiu o cargo em janeiro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, alinhado com a política de segurança do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, adotou uma forte retórica de combate ao crime, baseada no uso da violência, com o número de pessoas mortas pela polícia a aumentar significativamente em comparação com os anos anteriores.

Na semana passada, um agente da polícia militar foi acusado da morte de uma menina de 8 anos, durante uma operação policial numa favela do Rio de Janeiro, há dois meses.

A menina Ágatha Félix foi atingida, em 20 de setembro, com um tiro nas costas enquanto viajava numa carrinha, acompanhada pela mãe, no Complexo de Alemão, um conjunto de favelas na parte norte da capital fluminense.

Segundo a investigação, o polícia matou Ágatha por um "erro de execução", já que o agente tencionava alcançar dois indivíduos que circulavam de motociclo e não teriam respeitado um bloqueio policial.

Na ocasião da morte da criança, os agentes alegaram que foram atacados de várias direções e que estavam a reagir a tiros, sem admitirem que foi uma bala proveniente de uma das suas armas que atingiu a criança.

No entanto, as autoridades apuraram que, no momento do crime, não havia registo de pessoas armadas, além dos próprios polícias.

A morte da pequena Ágatha Félix comoveu o Brasil e desencadeou uma onda de protestos intensos contra a violência que se regista nas regiões periféricas do Rio de Janeiro, onde traficantes de droga, polícias e milícias travam uma guerra que se arrasta há décadas.

O caso também reavivou o debate sobre as políticas de "tolerância zero" em relação aos crimes nas favelas, defendidas pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

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