A polícia acredita ter atingido uma rede internacional de tráfico de órgãos humanos, ao deter 38 pessoas, entre as quais um italiano, 25 eritreus e 12 etíopes.
A rede foi denunciada pelo eritreu Nuredein Wehabrebi Atta, que esteve envolvido no tráfico de refugiados e migrantes oriundos de África para a Europa, através do mar Mediterrâneo e que relatou à polícia a ainda mais triste dos que não tinham dinheiro para pagara a travessia.
Eram vendidos por 15 mil euros a grupos, em particular de egípcios, que estão preparados para a recolha de órgãos", terá contado Atta à polícia italiana, segundo relata o jornal britânico The Independent.
Roma seria o centro das operações financeiras desta rede criminosa, que terá agora sofrido “um duro golpe”, segundo o ministro italiano do Interior, Angelino Alfano.
Arrependido tarde de mais
O traficante Nuredein Atta, agora condenado, é o primeiro estrangeiro a ser integrado num programa de proteção de testemunhas em Itália. Segundo disse à polícia, decidiu confessar o que sabia, por causa do número de refugiados que morrem frequentemente no Mediterrâneo.
Isto porque terá estado envolvido num naufrágio ao largo da ilha de Lampedusa, em 2013, que custou a vida a 360 pessoas.
O testemunho do arrependido terá sido crucial para a polícia da cidade de Palermo ter uma ideia total das atividades criminosas envolvidas nas operações de tráfico humano, no norte de África e em Itália.
O número de mortos de que tínhamos noção era apenas uma pequena parte do total. Só na Eritreia tem havido vítimas em oito de cada dez famílias", contou Nureidin Atta à polícia, segundo o jornal italiano La Reppublica.
Mundialmente, o número dos que fogem da fome e da guerra não pára de aumentar. O último relatório das Nações Unidas dá conta que, no final de 2015, havia mais de 65 milhões de refugiados e deslocados no planeta, equivalente a uma pessoa por cada 24 minutos ou 34 mil por dia.