O físico Carlos Fiolhais lamentou hoje a morte de Stephen Hawking, considerando que este é um dos grandes cientistas do “nosso tempo, que ousou enfrentar grandes mistérios e que deixa pistas para o futuro".
“É uma figura de referência para todos nós. É um exemplo de alguém que consegue exercer a capacidade do seu cérebro apesar de todas as limitações do seu corpo (…) É alguém que ousou enfrentar grandes mistérios, como o início do Mundo, o ‘Big Bang’ e os buracos negros”, destacou à Lusa Carlos Fiolhais.
O professor da Universidade de Coimbra destacou o trabalho de Stephen Hawking nas áreas da cosmologia do universo na sua grande extensão.
“Com certeza avançou um bocadinho nesses mistérios, mas não avançou tudo, uma das suas teorias é a de que o buracos negros podem emitir radiação e isso não está comprovado e se calhar foi por isso que não recebeu um Nobel como outros, mas era muito conhecido e reconhecido na qualidade científica e também do grande público”, disse.
O físico britânico Stephen Hawking, cujo trabalho na área da relatividade e dos buracos negros se destacou, morreu hoje aos 76 anos de idade, na sua casa em Cambridge, anunciou a sua família.
Em dclarações à Lusa, o físico Carlos Fiolhais lembrou que Stephen Hawking apesar da doença incapacitante viveu até aos 76 anos, quando tudo indicava que viveria pouco.
“Ele foi dos casos raríssimos em que enfrentou a doença e conseguiu sobreviver a ela. Teve uma vida plena, cheia de investigação científica e de vida familiar. Casou duas vezes, teve três filhos, viajou muito e teve experiências únicas. É curioso como alguém que tinha um cérebro aprisionado num corpo conseguiu levar uma vida normal e ser mais do que uma vida normal”, disse.
No entender do físico, Stephen Hawking foi um “comunicador como poucos, um grande homem, um grande sábio, que é uma lição de vida para todos nós”.
“Ele escreveu livros, vendeu 25 milhões de cópias em todo o mundo. Eu pergunto qual é o livro de ciência que conseguiu isto?!”, disse.
Carlos Fiolhais recordou também que o físico inglês esteve recentemente em Portugal sob a forma de vídeo na Web Summit.
“Esteve também em Portugal há quatro anos, veio num grande cruzeiro que trouxe turistas a Lisboa, foi aos pastéis de Belém e andou a passear na baixa, mostrando que não esperava o fim dos seus dias, que continuava com curiosidade. Esteve por cá também nos anos 1950, quando ainda não estava doente, num congresso sobre astrofísica na Gulbenkian em que se discutia a existência do Big Bang e isto pouca gente sabe”, contou.
Na opinião de Carlos Fiolhais, toda a história de Hawking mostra que “o fundamental em nós está no cérebro”.
“Depois de Stephen Hawking, temos um mundo diferente em que se sabe mais e que apetece mais conhecer com o exemplo que ele nos deu”, disse.