"Uma ofensa às mulheres." É assim que uma estátua de bronze de uma camponesa, inaugurada no fim de semana em Sapri, Itália, está a ser descrita.
A estátua, que representa uma personagem feminina do poema "La spigolatrice di Sapri", escrito pelo poeta Luigi Mercantini em 1857, está a suscitar uma onda de indignação e a levantar o debate sobre o sexismo no país.
Muitos exigem, agora, a sua remoção, incluindo forças políticas.
A interpretação do escultor Emanuele Stifano mostra uma mulher com um vestido transparente, justo e com o braço direito colocado sobre os seios.
Laura Boldrini, deputada do Partido Democrático (PD) e ex-presidente da Câmara dos Deputados, afirmou mesmo que a escultura era "uma ofensa às mulheres e à história que deveria celebrar".
O machismo é um dos grandes males da Itália", sublinhou, ainda, Laura Boldrini, numa publicação na rede social Twitter.
La statua appena inaugurata a #Sapri e dedicata alla #Spigolatrice è un’offesa alle donne e alla storia che dovrebbe celebrare.
Ma come possono perfino le istituzioni accettare la rappresentazione della donna come corpo sessualizzato?
Il maschilismo è uno dei mali dell'Italia. pic.twitter.com/2msLhgJvso
— laura boldrini (@lauraboldrini) September 26, 2021
A senadora Monica Cirinna pediu mesmo a remoção da estátua que considera ser "uma bofetada no rosto à história e às mulheres, que ainda são vistas apenas como corpos".
A #Sapri uno schiaffo alla storia e alle donne che ancora sono solo corpi sessualizzati Questa statua della Spigolatrice nulla dice dell'autodeterminazione di colei che scelse di non andare a lavoro per schierarsi contro l'oppressore borbonico.
Sia rimossa! @DonnePd @pdsicilia pic.twitter.com/2qv8tP7FTN
— Monica Cirinnà (@MonicaCirinna) September 26, 2021
O poema “La spigolatrice di Sapri" (O respigado de Sapri, na tradução literal), é uma parte importante da cultura italiana. A história narra, do ponto de vista de uma camponesa, a chegada de insurgentes a Sapri e a sua tentativa falhada em retirar o rei do poder.
O presidente da câmara de Sapri, Antonio Gentile, defendeu a escultura, que, na sua opinião, " foi executada com maestria e com uma interpretação impecável ".
Já o autor da obra ficou “chocado e desanimado” com os comentários, discordando da alegada sexualização da mulher.
Quando faço uma escultura, tento cobrir o mínimo possível o corpo, independentemente do sexo”, apontou.