O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou hoje ter ouvido “relatos inimagináveis de matança e violação” de refugiados rohingya que fugiram de Myanmar para o Bangladesh desde agosto de 2017 para escapar à violência.
Numa mensagem publicada na rede Twitter, Guterres afirmou que as centenas de milhares de refugiados que se encontram em campos no distrito de Cox’s Bazar, e que hoje visitou, querem “justiça e um regresso seguro a casa”.
In Cox’s Bazar, Bangladesh, I’ve just heard unimaginable accounts of killing and rape from Rohingya refugees who recently fled Myanmar. They want justice and a safe return home. pic.twitter.com/FmbNKRdVKk
— António Guterres (@antonioguterres) 2 de julho de 2018
Nothing could’ve prepared me for the scale of crisis and extent of suffering I saw today in Cox’s Bazar, Bangladesh. I heard heartbreaking accounts from Rohingya refugees that will stay with me forever.
— António Guterres (@antonioguterres) 2 de julho de 2018
My appeal to the int’l community is to step up support. pic.twitter.com/jP3vv3IIbs
Guterres comentou, numa conferência de imprensa, que os refugiados da minoria rohingya são obrigados a viver em condições terríveis, devido a violações contínuas dos seus direitos humanos em Myanmar (antiga Birmânia), elogiando o Governo do Bangladesh por ser generoso em relação aos refugiados.
É impossível visitar estes campos sem partirmos os corações”, afirmou o líder da ONU, acrescentando: “É possivelmente uma das mais histórias mais trágicas no que diz respeito à violação sistemática dos direitos humanos”.
No domingo, António Guterres encontrou-se com a primeira-ministra bengali, Sheikh Hasina, e garantiu-lhe o apoio da ONU aos rohingya.
Na visita aos campos de refugiados, o secretário-geral das Nações Unidas foi acompanhado pelo alto comissário para os Refugiados, Filippo Grandi, e pelo presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.
Cerca de 900.000 rohingya, de religião muçulmana, fugiram de Myanmar desde agosto de 2017 para escapar à violência, considerada pela ONU como uma limpeza étnica promovida pelo exército do país, de maioria budista.
Os rohingya pretendem o reconhecimento dos seus direitos em Myanmar, onde são considerados imigrantes ilegais provenientes do Bangladesh, e garantias sobre o regresso em segurança às suas aldeias, na generalidade situadas junto à fronteira comum.
O mais recente êxodo proveniente da antiga Birmânia vem juntar-se às centenas de milhares de rohingya que já se encontravam no vizinho Bangladesh na sequência de anteriores vagas de violência, provocando o surgimento de gigantescas cidades de tendas onde existe uma miséria extrema.