Cinco mulheres acusam prémio Nobel da Paz de conduta sexual inapropriada - TVI

Cinco mulheres acusam prémio Nobel da Paz de conduta sexual inapropriada

  • CM
  • 8 fev 2019, 13:04
Óscar Arias

Óscar Arias, antigo presidente da Costa Rica, é suspeito de assediar várias mulheres enquanto chefe de Estado

Cinco mulheres acusam o antigo presidente da Costa Rica e prémio Nobel da Paz Óscar Arias de conduta sexual inapropriada quando era chefe de Estado.

Até ao momento, apenas uma formalizou, na segunda-feira, a queixa junto das autoridades, inspirada pelo movimento #MeToo em Hollywood, segundo admitiu a própria, Alexandra Arce, psiquiatra e ativista pelo desarmamento nuclear, em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times.

Todas essas mulheres, que o fizeram, ajudaram-me. Por isso, pensei que talvez também pudesse ajudar outras pessoas a fazê-lo”, afirmou.

Alexandra Arce trabalhou na Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN, na sigla original), uma causa suportada por Óscar Arias, um dos mais respeitados chefes de Estado da América Central, galardoado, em 1987, com um Nobel pelo seu papel no fim das guerras civis na região.

Óscar Arias nega as acusações de Arce e recusou comentar as restantes denúncias, disse à Reuters, na quinta-feira, o seu advogado, Erik Ramos.

A segunda mulher a denunciar a conduta inapropriada do então presidente da Costa Rica foi a diretora de comunicação da ONG de direitos humanos Human Rights Watch, Emma Daly.

Na altura dos factos, em 1990, trabalhava como jornalista em Manágua, na Nicarágua, quando, depois de lhe fazer uma pergunta, Óscar Arias se dirigiu a ela, que se encontrava, juntamente com outros repórteres, à porta do hotel.

Ele parou, olhou para mim e, em vez de responder à minha questão, esticou a mão em direção ao meu peito, passou-a por baixo das minhas mamas, disse: ‘Não está a usar soutien’, ou algo do género, e seguiu. Fiquei completamente desorientada e a única coisa que consegui dizer foi: ‘tenho sim’”, descreveu Daly à Reuters.

Além de Alexandra Arce e Emma Daly, também Eleonora Antillon, Marta Araya Marroni e Monica Morales acusaram Óscar Arias de conduta imprópria.

Eleonora Antillon contou que, em 1986, quando trabalhava como assessora de imprensa na campanha presidencial que elegeu Arias, o candidato pegou na mão dela e colocou-a sobre o seu pénis, empurrando-a contra a parede e beijando-a, apesar de oferecer resistência.

Quando vi como os advogados e algumas mulheres duvidaram de Alexandra Arce, decidi apoiá-la. Pensei: ‘Acredito nela porque ele fez-me algo semelhante há alguns anos”, disse à Reuters.

Já Marroni, que trabalha em publicidade, disse ao jornal costa-riquenho Tico Times, que foi assediada já depois do segundo mandato presidencial de Arias, em 2012, quando o ex-presidente lhe tocou na perna durante um encontro no seu gabinete e ofereceu-lhe massagens nas conversas telefónicas que se seguiram entre os dois.

Também Morales, jornalista da revista costa-riquenha Perfil, disse ter sido assediada depois de Arias deixar a presidência, desta feita em 2013, quando foi convidada a sentar-se ao colo do ex-presidente no final de uma entrevista.

Óscar Arias foi presidente da Costa Rica entre 1986 e 1990 e entre 2006 e 2010. Em 1987, recebeu o prémio Nobel da Paz por ter proposto um acordo de paz para a América Central.

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