Menor «sequestrado» abre guerra entre Brasil e EUA - TVI

Menor «sequestrado» abre guerra entre Brasil e EUA

Pai e filho

Pai norte-americano que reaver o filho de oito anos que vive com a família brasileira da mãe

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A disputa judicial pela guarda de Sean Goldman, oito anos, filho de pai norte-americano e mãe brasileira, assumiu dimensão internacional na comunicação social do Brasil e dos Estados Unidos, inclusive com a intervenção das diplomacias dos dois países, refere a Lusa.

A disputa envolve também a acusação de remoção ilegal da criança sem o consentimento do pai, David Goldman, quando em 2004, Bruna Bianchi, então sua mulher, e o seu filho foram de férias ao Brasil e nunca mais voltaram.

Em Agosto de 2008, quando o processo ainda corria no Superior Tribunal de Justiça, Bruna Bianchi morreu, aos 34 anos, durante o parto da sua filha, e o seu segundo marido recusa-se a entregar Sean ao pai.

No Brasil, o tema é assunto dos principais jornais e canais de televisão. No último domingo, a TV Globo transmitiu entrevistas com os dois lados envolvidos, o pai de Sean e a avó materna.

«Éramos uma família como qualquer outra, comum, normal e feliz», disse David Goldman, 42 anos, com quem Bruna se casou em 1999 e com quem viveu no Estado de Nova Jersey, em entrevista à emissora brasileira.

David Goldman disse ter ido ao Brasil oito vezes, entre 2005 e 2009, e acusou Bruna e sua família de impor «condições inaceitáveis à visita» do seu filho: «Querem fazer com que Sean esqueça que tem um pai», afirmou.

Por seu lado, a avó brasileira, Silvana Bianchi, também à Globo, afirmou que o casal tinha discussões violentas e que Bruna «tinha medo de ser agredida».

Ela disse que nenhuma vez os Bianchi negaram ao David o direito de ver o filho. «Claro que podia visitar o filho, foi oferecido para ele passagem e estadia. Ele jamais, em quatro anos e meio, veio visitar o filho», criticou.

O caso chamou a atenção dos média dos EUA, após uma campanha internacional lançada para angariar fundos para o retorno do menino ao pai norte-americano, sob o nome em inglês «Bring Sean Home».

Este assunto foi tratado na imprensa norte-americana como um caso de sequestro internacional e teve destaque nas principais emissoras de televisão, além de diários como o The New York Times.

O blogue da campanha cita outros 44 jornais americanos que mencionaram o caso. No último dia 04, David G. foi ao programa de Larry King, na CNN.

Neste imbróglio diplomático, a guarda da criança foi mencionada durante encontro em Washington entre o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, em Fevereiro, com a sua homóloga Hillary Clinton. A secretária de Estado norte-americano pediu ao Governo de Brasília que devolvesse o menino ao pai.

O argumento para o retorno de Sean remonta à Convenção de Haia sobre sequestro internacional de crianças, do qual tanto o Brasil como os EUA são signatários.

O site da campanha promovida por parentes e amigos de David Goldman disponibiliza um modelo de carta que incentiva apoiantes da causa a enviar às autoridades brasileiras, com endereços e-mail de governantes como Celso Amorim, do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do próprio Presidente Lula da Silva.

O documento destaca que o Brasil «acolhe uma criança americana sequestrada por sua mãe brasileira». O caso, segundo o texto, é «extremamente delicado» e pode estar a denegrir «substancialmente a imagem do Brasil frente às autoridades responsáveis por convenções internacionais».

O grupo da campanha afirma já ter feito um abaixo-assinado com a recolha de cerca de 40 mil assinaturas de pessoas que aderem à causa de David Goldman.

O assunto obteve ainda a atenção do então senador Barack Obama, em Outubro de 2008, quando enviou um e-mail ao pai manifestando sua preocupação com o caso.

No Brasil, a própria Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência antecipou-se ao caso no ano passado ao encaminhar à Advocacia-Geral da União para representar o Governo brasileiro um pedido de restituição da criança norte-americana ao seu país de origem. A acção de restituição corre na Justiça Federal do Rio de Janeiro.
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