Covid-19: continente africano quer produzir vacinas próprias - TVI

Covid-19: continente africano quer produzir vacinas próprias

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  • 11 mar 2021, 17:01
Vacina Sinovac

Pelo menos cinco países africanos parecem ter capacidade para produzir vacinas - África do Sul, Senegal, Tunísia, Marrocos e Egito -, de acordo com Nkengasong, que falava na conferência de imprensa semanal do Africa CDC, em formato digital a partir da sede da organização em Adis Abeba, Etiópia

África deve passar a produzir vacinas contra a covid-19, porque está atrasada nos esforços para vacinar 60% dos 1,3 mil milhões de habitantes, defendeu esta quinta-feira o diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana.

Os países africanos estão a receber vacinas através da iniciativa internacional Covax e de produtores de vacinas como a Índia, China e a Rússia, mas são necessários volumes muito maiores de doses para a campanha maciça de inoculação de mais de metade da população do continente, sublinhou John Nkengasong, diretor da agência especializada da União Africana (Africa CDC).

Pelo menos cinco países africanos parecem ter capacidade para produzir vacinas - África do Sul, Senegal, Tunísia, Marrocos e Egito -, de acordo com Nkengasong, que falava na conferência de imprensa semanal do Africa CDC, em formato digital a partir da sede da organização em Adis Abeba, Etiópia.

De acordo com o responsável, está prevista para 12 de abril próximo uma reunião entre a União Africana (UA) e alguns parceiros externos com o objetivo de criação de um “roteiro” para impulsionar a capacidade africana de produzir vacinas anti-covid-19.

É muito importante que consigamos isso”, afirmou.

O diretor do Africa CDC tem reiterado desde há meses o objetivo fixado pela União Africana (UA) de vacinar 60% da população do continente até ao final deste ano, mas a meta foi agora distendida para um ano mais tarde: até ao final de 2022.

Birgitte Markussen, chefe da representação diplomática da União Europeia junto da União Africana, esteve igualmente presente no “briefing” do Africa CDC, onde garantiu que “serão feitos esforços para apoiar a produção local” de vacinas.

à diplomata dinamarquesa sublinhou que a solidariedade é importante “para a garantia de que ninguém fica para trás” nos esforços globais para travar a pandemia.

Pelo menos 22 dos 55 membros da União Africana receberam vacinas anti-covid-19 através da iniciativa Covax, segundo Nkengasong, que viu alguma “luz ao fundo do túnel” com a chegada nos últimos dias de remessas de vacinas, que variam entre alguns milhares de doses e milhões, a países como a Nigéria ou o Uganda.

A organização estima que cerca de 600 milhões de doses de vacinas sejam entregues a África a partir da iniciativa Covax, mas esta tem enfrentado atrasos e dado mostras de limitações nos fornecimentos.

O objetivo da UA é que os seus 55 membros consigam vacinar 20% da população africana com as doses provenientes da Covax até ao final deste ano. Ainda que ambicioso, esta meta deixará, ainda assim, o continente longe dos pelo menos 60% que os cientistas dizem ser necessários para se atingir a “imunidade de grupo”, quando o número suficiente de pessoas está protegido e impede a propagação de microrganismos infeciosos, promovendo a erradicação da doença.

A plataforma Covax pretende entregar 90 milhões de doses de vacinas no continente africano até final deste mês. Até ao final de maio, o planeamento prevê a entrega de 237 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca e de 1,2 milhões de doses da vacina Pfizer.

Fundada pela Organização Mundial de Saúde, em parceria com a Vaccine Alliance (Gavi, presidida pelo antigo primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso) e a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Cepi), a Covax pretende garantir a vacinação a 20% da população de 200 países e tem acordos com fabricantes para o fornecimento de dois mil milhões de doses em 2021 e a possibilidade de comprar ainda mais mil milhões.

África regista até agora quase 4 milhões de casos de COVID-19 e mais de 106,7 mil mortes. A África do Sul é o país mais afetado pela doença, com mais de 1,5 milhões de casos e 51.000 mortes.

O continente beneficiou, no entanto, de uma diminuição de novos casos na ordem dos 9% e de um declínio médio de 16% no número de mortes nas últimas quatro semanas, segundo Nkengasong.

A maioria dos países africanos, porém, não dispõe de meios de rastreamento que permitam a monitorização eficaz da evolução da pandemia no continente.

O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

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