Covid-19: países desenvolvidos têm lições a aprender com África, diz Guterres - TVI

Covid-19: países desenvolvidos têm lições a aprender com África, diz Guterres

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  • 20 mai 2020, 08:28
António Guterres

Secretário-geral da Organização das Nações Unidas elogiou as "medidas preventivas muito corajosas" adotadas por alguns países africanos para limitar a propagação da pandemia

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que os países desenvolvidos deviam aprender com as "medidas preventivas muito corajosas" adotadas por alguns países africanos para limitar a propagação de covid-19.

"Das previsões que fizemos no início [da pandemia], a covid-19 avançou de maneira muito mais lenta" do que se esperava em África, afirmou António Guterres, em entrevista à rádio pública francesa RFI.

Segundo Guterres, o avanço lento do novo coronavírus no continente africano deve-se ao facto de “a maioria dos governos e sociedades africanas terem adotado medidas preventivas muito corajosas a tempo, o que é uma lição para alguns países desenvolvidos que ainda não o fizeram".

Com menos de 3.000 mortes e cerca de 88.000 casos, África está a ser relativamente pouco afetada pela pandemia, que já provocou a morte de mais de 320.000 pessoas em todo o mundo.

Durante a entrevista, o secretário-geral da ONU considerou ainda que a suspensão dos pagamentos do serviço da dívida para os países mais pobres, concedida em meados de abril por vários credores públicos, foi uma medida insuficiente.

"Precisamos de nos preparar para um alívio direcionado da dívida e uma abordagem mais abrangente e estrutural para evitar a todo o custo no futuro uma série de falências que possam levar à depressão", recomendou.

Guterres pede mais de 182 mil ME para ajudar África

O secretário-geral da ONU pediu hoje à comunidade internacional um apoio de mais de 200 mil milhões de dólares (182 mil milhões de euros) para os países africanos, em extrema dificuldade devido à covid-19.

"A pandemia ameaça o progresso feito em África. Isso irá agravar as desigualdades existentes e a fome, a desnutrição e a vulnerabilidade à doença" e milhões de pessoas "podem cair na pobreza extrema", indicou António Guterres, em comunicado.

Entre várias recomendações para o continente, o secretário-geral da ONU destacou que "os países africanos devem ter o mesmo acesso rápido, equitativo e acessível a qualquer vacina e tratamento futuros, que devem ser considerados bens públicos globais".

"É imperativo mostrar solidariedade global com África (…) é essencial acabar com a pandemia em África, acabar com ela em todo o mundo", sublinhou.

Nas recomendações, António Guterres pediu uma "mobilização internacional para fortalecer os sistemas de saúde em África, manter as cadeias de alimentos, evitar uma crise financeira".

É preciso também "apoiar a educação, proteger empregos, manter famílias e empresas em atividade e proteger o continente contra perda de rendimento e de ganhos nas exportações", salientou o responsável, na mesma nota.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 320 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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