Cresce a pressão para a demissão sobre a ministra dos Negócios Estrangeiros sul coreana, Kang Kyung-wha, depois de o marido ter posto em causa as regras impostas pelo próprio ministério e voado para o Estados Unidos da América, no sábado.
A contestação aumentou de tom quando se descobriu o motivo da viagem. Lee Yill-Byung, professor universitário e marido da ministra, deslocou-se aos Estados Unidos para comprar um novo iate, quando o ministério de Kang apenas permite as “viagens essenciais” para o estrangeiro.
Numa altura em muitos sul coreanos já perderam emprego devido à pandemia, a notícia abalou a credibilidade da ministra do partido de centro esquerda, que tinha dito à população que as “vidas privadas não são um direito absoluto” e deu a ordem para que ninguém saísse de casa durante um dos feriados mais importantes do país.
Confrontado por uma televisão local, o marido da ministra afirmou que a pandemia de “coronavírus não vai desaparecer tão cedo” e que “não pode ficar em casa o tempo todo”.
Não posso continuar a preocupar-me com a vida das outras pessoas enquanto vivo a minha própria vida”, sublinhou.
Em resposta, a ministra pediu desculpa pelas declarações do marido, mas revelou que este já teria adiado a viagem várias vezes no passado e seria “difícil” para ela “dizer-lhe para não ir”.
Os sul coreanos aguentam muita coisa, mas não este nível de hipocrisia. E estão particularmente desapontados por isto estar a acontecer num partido de esquerda que foi eleito, em grande parte, como protesto contra a corrupção do governo anterior”, revelou um professor universitário de Seoul, ao jornal britânico The Telegraph.
Apesar de estar geograficamente próxima de Wuhan, o epicentro da pandemia, a Coreia do Sul regista apenas 24,164 casos positivos e 422 mortes por covid-19.