«É o dia mais negro da história» - TVI

«É o dia mais negro da história»

  • Portugal Diário
  • 3 nov 2007, 23:05
Estado de emergência no Paquistão (EPA)

Paquistão: a antiga primeira-ministra Benazir Bhutto voltou ao país e diz que declaração do estado de emergência vai «encorajar as actividades dos Talibã e da Al-Qaeda» e que não a irá aceitar. Presidente Musharraf suspendeu constituição, mandou cercar Supremo Tribunal e impôs uma apertada censura aos media privados

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«Hoje é o dia mais negro da história do Paquistão». Foi desta forma que antiga primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto reagiu à declaração do estado de emergência no Paquistão, por parte do presidente Pervez Musharraf, que tomou a decisão antes do Supremo Tribunal se pronunciar sobre a legalidade da sua vitória nas presidenciais de Outubro.

Para Benazir Bhutto, que regressou este sábado ao seu país, a situação que se vive «só permitirá encorajar as actividades dos Talibã e da Al Qaida», cita a agência Lusa.

Sustentando que a imposição do estado de emergência é uma medida que se aproxima de um regime ditatorial, Benazir Bhutto destacou que não se trata de uma Lei Marcial, dado que Musharraf a tomou enquanto «chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e não como um presidente civil». «Opomo-nos vivamente a essa decisão e não a iremos aceitar», acrescentou.

Horas antes da chegada de Benazir Bhutto ao Paquistão, depois de passar umas semanas com a família nos Emirados Árabes Unidos, Musharraf decretou o estado de emergência, cortou as comunicações na capital e substituiu o ministro da Justiça antes de o Supremo Tribunal decidir sobre a legalidade da sua vitória nas presidenciais de 6 de Outubro último.



Musharraf invoca unidade nacional

O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, disse hoje que a instauração do Estado de Emergência é «essencial» para manter a unidade nacional face a «graves conflitos internos». «O terrorismo está no seu apogeu e o governo está paralisado pelo Supremo Tribunal», acrescentou, falando ao país através da televisão estatal, sublinhando «acreditar» que a democracia será restaurada após as eleições legislativas de Janeiro de 2008.

«Alguns elementos estão a criar obstáculos no caminho para a democracia. Acredito que este caos está a ser gerado devido a interesses pessoais e com o objectivo de prejudicar o Paquistão», disse Musharraf, trajando roupas civis.

O Supremo Tribunal do Paquistão ordenou o levantamento do Estado de Emergência imposto pelo Presidente Pervez Musharraf, mas o Governo rejeitou esta decisão. A polícia cercou a sede do Supremo Tribunal e o presidente do tribunal foi colocado «sob custódia», tendo sido nomeado um substituto.

Censura aos media privados

O presidente paquistanês impôs restrições aos órgãos de comunicação social locais, ao mesmo tempo que surgiram relatos de uma investida das forças de segurança a uma televisão local.

Segundo relata a AFP, que cita o director de informação da Aaj TV, Tatal Hussein, a polícia paquistanesa entrou nos estúdios da televisão com o objectivo de «confiscar material para ser difundido».

«A polícia entrou nos nossos estúdios e, acompanhada por um oficial de justiça, tentou confiscar os nossos equipamentos» audiovisuais, sublinhou Hussein, frisando que as forças de segurança não detinham qualquer mandado nesse sentido.

Pouco depois da instauração do estado de emergência decretado por Pervez Musharraf, a programação dos canais de televisão privados foram interrompidos.

As autoridades policiais, acrescenta a AFP, citando o director de informação da Aaj TV, acabaram por «piratear os serviços» da cadeia de televisão. «Vivemos sob uma ditadura e condenamos a acção da polícia», afirmou Tatal Hussein.

Por outro lado e segundo a imprensa estatal, entre as restrições impostas por Musharraf aos media locais, fica interdita toda e qualquer difamação contra o presidente da República, governo ou Forças Armadas.

Qualquer violação do decreto é passível de uma pena de prisão entre três a quatro anos ou, em alternativa, ao pagamento de uma multa de 10 milhões de rupias paquistanesas (116.000 euros)
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