Polícia francesa admite que “não estava preparada” para a ameaça do terrorismo - TVI

Polícia francesa admite que “não estava preparada” para a ameaça do terrorismo

Centenas de pessoas em Paris prestam homenagem às vítimas dos atentados terroristas de 13 de novembro (REUTERS)

Comandante lusodescendente, com raízes familiares no distrito da Guarda, explicou que depois dos atentados de 13 de novembro a polícia aumentou a sua presença em locais públicos mais frequentados

A polícia francesa "não estava preparada" para responder à ameaça do terrorismo e teve que se adaptar, tendo aumentado a sua presença em locais públicos mais frequentados como estações de comboio, feiras e monumentos, disse à Lusa um comandante de polícia franco-português.

Não estava preparada. Antes dos primeiros atentados ninguém esperava que essas coisas pudessem acontecer em França, nem polícias nem governo. Hoje estamos a recuperar essa formação que é precisa, de maneira a nos adaptarmos a esses novos crimes", explicou Antero Ferreira, Diretor da Polícia Municipal de Joinville-le-Pont, nos arredores de Paris.

Exemplo da falta de preparação da polícia face aos atentados é a questão das armas, disse o comandante, detalhando que a "alguns serviços de polícia trocaram-lhes as armas" e que "a polícia começa a ter espingardas, começa a ter balas que são mais eficazes": "Hoje as armas, as pistolas que temos na polícia não dão para atravessar um colete para-balas mas as balas deles dão para atravessar os nossos coletes."

Tendo em conta que "não há polícia que chegue" para garantir a "segurança em todo o território nacional", a vigilância nos espaços públicos mais frequentados foi reforçada com soldados.

Tem sido muito complicado porque temos de fazer o serviço como fazíamos antigamente, o serviço de segurança pública, e ser vigilantes ao terrorismo, ao público que pede muito mais presença dos polícias. Hoje, por exemplo, não pode haver uma manifestação municipal ou mesmo do Estado sem presença da polícia. Onde se junta o povo, ali tem que estar a polícia para verificar as pessoas e as bagagens mas também para tomar sentido no que se passa à volta em termos de segurança", descreveu.

Antero Ferreira assistiu à intensificação da mobilização policial desde os atentados de 13 de novembro do ano passado e já tinha perdido uma aluna nos atentados de janeiro de 2015 quando Amedy Coullibaly disparou contra a agente à queima-roupa, "só por ter a farda da polícia", em plena rua, um dia antes de atacar um supermercado judaico em Paris.

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