Pascal diz que as conversações que manteve com Omar Mostefai e Samy Amimour não se assemelham a nada que tivesse já vivenciado.
“Estavam muito nervosos, bastante agitados e confusos, como se estivessem sob efeito de drogas”, revelou o negociador à revista francesa L’Obs.
“Diziam repetidamente as mesmas frases: ‘Somos os soldados do Califado. A culpa é toda do Hollande. Vocês atacaram as nossas mulheres e crianças na Síria. Estamos a defender-nos atacando as mulheres e as crianças na França’.”
Pascal falou com os terroristas às 23:27, às 23:29, às 23:48, às 00:05 e às 00:18. Mas diz que, logo na segunda chamada, percebeu que nunca se renderiam.
O especialista da polícia francesa já tinha liderado a equipa de negociadores que falou com Amedy Coulibaly, o atirador que, em janeiro deste ano, matou uma mulher-polícia e quatro outras pessoas num supermercado judaico em Paris.
Diz que ficou impressionado com a carnificina que encontrou dentro do Bataclan, depois do assalto das forças policias: os polícias vasculhavam entre os corpos deitados no chão, para se certificarem se havia alguém vivo e havia sobreviventes protegidos pelos corpos de vítimas mortais.
Christophe Molmy, outro dos negociadores, diz que os sobreviventes estavam aterrorizados, com medo de chorar, de pedir ajuda ou até de respirar.
Nos momentos finais do sequestro, os terroristas usaram dois reféns, um homem e uma mulher, como escudos humanos e prometiam matar um refém de cinco em cinco minutos.