"Só estou vivo por causa das minhas pernas", diz sobrevivente do Bataclan - TVI

"Só estou vivo por causa das minhas pernas", diz sobrevivente do Bataclan

  • Sofia Santana
  • 16 nov 2015, 20:42
Atentados em Paris (EPA/LUSA)

Grégoire Philonenko fingiu-se de morto, deitado ao lado do filho. Sobreviveu graças à prótese que tem numa das pernas

“Só estou vivo por causa das minhas pernas.” Quando um dos terroristas do Bataclan começou a percorrer os corpos que se espalhavam pela sala, executando, um a um, todos os que ainda estavam vivos, Grégoire Philonenko estava deitado ao lado do filho e só pensava que era um homem morto. Conseguiu sobreviver, graças à prótese que tem numa das pernas. Grégoire contou ao repórter da BBC Gavin Lee os momentos de horror que viveu na sala de Paris.

O francês de 55 anos tinha ido com o filho, de 19 anos, e um amigo deste ao concerto da banda rock norte-americana Eagles of Death Metal no Bataclan. Havia “uma boa atmosfera” no início do espectáculo, descreveu. A um dado momento, tudo mudou.

“Ouvi os primeiros disparos e pensava que era fogo de artifício. Era um espectáculo rock por isso pensava que fosse algum tipo de fogo de artifício. Mas depois ouvi novos disparos. E as pessoas iam caindo no chão…”


Foi precisamente quando as pessoas começaram a cair no chão que Grégoire Philonenko percebeu que o som daquilo que pensava ser fogo de artificio era, na verdade, o som de tiros, de balas que trespassavam os corpos dos que ali se encontravam. Os terroristas do Bataclan já tinham começado a carnificina que provocou 89 mortos.

Deitou-se no chão, fingindo-se de morto, ao lado do filho. 

"Disse ao meu filho: 'Sou um homem morto, está tudo acabado. Tu, tu não te mexas'."


Um dos atacantes caminhava entre os corpos que se espalhavam pela sala. Abatia os que ainda estavam vivos. A um dado momento aproximou-se de Grégoire e pontapeou-o duas vezes para perceber se estava morto. O francês não reagiu. Tinha uma prótese na perna. Ao seu lado, a escassos centímetros, um homem foi abatido com um tiro na cabeça.

"Não sei porque ainda estou vivo, só o estou por causa das minhas pernas."

Não sabe precisar quanto tempo continuou deitado no chão até à entrada da polícia, que pôs fim ao ataque. Lembra-se de um laser sobre a sua testa, quando os agentes começaram a monitorizar todas as pessoas. "Disseram-nos para abandonar o Bataclan." O cenário era de horror. Grégoire diz que não sabe por que ainda está vivo.

"Passei pelos cadáveres que estavam em todo o lado. Não sei por que ainda estou vivo, só o estou por causa das minhas pernas."



 
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