Jogadora que boicotou minuto de silêncio por Maradona recebe ameaças - TVI

Jogadora que boicotou minuto de silêncio por Maradona recebe ameaças

Paula Dapena recusou prestar homenagem a Diego Maradona

«Dizem-me que vão ter a minha casa e que me partem as pernas», disse Paula Dapena, professora, membro de movimentos femininistas e «abolicionista de género»

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Paula Dapena, a jogadora espanhola que recusou homenagear Diego Armando Maradona durante o minuto de silêncio antes de um jogo particular, revelou que tem recebido ameaças.

«Ameaças de morte e ameaças do tipo 'vou ter contigo a tua casa e parto-te as pernas'», disse em entrevista ao diário AS.

Dapena já tinha explicado por que razão não alinhou no tributo ao ex-futebolista falecido na última semana. «Há poucos dias, no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres não houve gestos destes e se não se fez um minuto de silêncio pelas vítimas, também não estou agora disposta a fazê-lo por um abusador. Disse que não ia participar num minuto de silêncio por um violador, pedófilo e abusador», referiu logo após o jogo realizado no sábado.

Agora diz-se saturada da repercussão que o que fez acabou por ter não só para ela como para as companheiras, também incomodadas nos últimos dias através das redes sociais. «Não esperava que isto se tornasse viral. Pensei que ficaria entre os meus seguidores no Instagram. Depois, quando a notícia saiu no Pontevedra Viva, onde a minha irmã trabalha, pensei que ia ficar pela província de Pontevedra. Mas, de repente, começaram a sair notícias em todo o lado.»

A futebolista reiterou que o Maradona futebolista não pode ser dissociado da pessoa que ele era. «Antes de se ser futebolista, é-se pessoa, ainda para mais quando se é um ídolo para muitas pessoas, como é o caso. Não se pode separar uma coisa da outra. Há coisas que se podem separar, mas outras não. Por exemplo, o tema da droga é um aspecto que me é indiferente. Cada um faz consigo o que quer. Mas, no momento em que afeta outras pessoas... isso não se pode permitir», apontou. «Maradona tinhas habilidades e qualidades espectaculares como futebolista. Mas, como pessoa, deixou muito a desejar. Conheceram-se casos de pedofilia e maus tratos. Isso vai contra os meus ideais e a minha luta diária. O minuto de silêncio em homenagem a ele ia contra o que defendo. Não podia fazê-lo.»

Paula Dapena é também professora, faz parte de dois movimentos feministas e define-se com «abolicionista de género». «É uma construção social que nos é atribuída por termos nascido homens ou mulheres. Por exemplo, as raparigas têm de brincar com barbies, de gostar de cor de rosa e de ser sensíveis. Os rapazes têm de gostar de futebol, de carros e de ser fortes e valentes. A minha luta é para que esses estereótipos sejam eliminados e os rapazes e as raparigas brinquem com o que quiserem», vincou ao AS.

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