Bolsonaro mantém confiança em ministro da Economia e nega "aventuras" na tutela - TVI

Bolsonaro mantém confiança em ministro da Economia e nega "aventuras" na tutela

  • Agência Lusa
  • NM
  • 22 out 2021, 23:35
Bolsonaro

O executivo brasileiro pretende alterar o teto de gastos, a fim de obter recursos suficientes para financiar este vasto programa de subsídio social

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou esta sexta-feira que mantém "confiança absoluta" no seu ministro da Economia, Paulo Guedes, e acrescentou que o Governo não fará "nenhuma aventura" na área económica, garantindo a responsabilidade fiscal.

Nós nos entendemos muito bem. Tenho confiança absoluta nele [Paulo Guedes], ele entende as aflições que o Governo passa. [Guedes] assumiu o cargo em 2019, fez um brilhante trabalho quando começou 2020, a pandemia, uma incógnita para o mundo todo”, declarou Bolsonaro, numa atípica conferência de imprensa ao lado do ministro da Economia, em Brasília.

"Deixo claro a todos os senhores: esse valor decidido por nós tem responsabilidade. Não faremos nenhuma aventura. Não queremos colocar em risco nada no que toca à economia", acrescentou Bolsonaro sobre os 400 reais mensais (cerca de 60 euros) que deverão ser pagos a 17 milhões de famílias carenciadas através do programa social "Auxílio Brasil" em 2022, ano eleitoral.

Para isso, o executivo brasileiro pretende alterar o teto de gastos, a fim de obter recursos suficientes para financiar este vasto programa de subsídio social.

Para Paulo Guedes, trata-se de "um ajuste fiscal menos intenso" e de um "abraço social um pouco mais longo".

Todo mundo está dizendo que o povo está tendo dificuldade de comer, de comprar o gás de cozinha. Nós vamos ajudar os brasileiros. Nós vamos ajudar essas 17 milhões de famílias e vamos reduzir o ritmo do ajuste fiscal", declarou o ministro, ao lado de Presidente, negando ter pedido demissão do cargo e frisando que Bolsonaro também não "insinou" a sua saída do Governo.

Guedes disse ainda que as alterações no teto de gastos não vão abalar os fundamentos orçamentais da economia, que considera serem "sólidos".

No meio destas discussões, quatro funcionários do Ministério da Economia renunciaram: o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, e os secretários adjuntos de ambas as áreas, Gildenora Dantas e Rafael Araujo.

Todos alegaram motivos pessoais.

Por sua vez, Guedes afirmou que houve um "colapso" na comunicação do Governo, que fez parecer que havia uma guerra interna. De acordo com o ministro, o pedido de demissão dos secretários é algo "natural".

Nós entendemos os mais jovens que dizem que a linha é aqui. (...) Os nossos secretários que pediram para sair é natural", afirmou.

Para substituir Bruno Funchal no cargo de secretário especial de Tesouro e Orçamento da pasta, Paulo Guedes escolheu o seu atual assessor especial, Esteves Colnago, ex-ministro do Planeamento do Governo de Michel Temer e que Guedes considera ter "muita experiência".

Na sequência da polémica, surgiram as consequências na bolsa de valores de São Paulo e no mercado cambial, onde o dólar se valorizou fortemente face ao real, devido ao receio dos investidores em relação à política orçamental do Brasil.

Os operadores financeiros acreditam que o aumento da assistência social pode enfraquecer ainda mais as frágeis contas públicas do país.

Além das quatro demissões no Ministério da Economia, também o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho, pediu para deixar o cargo na quinta-feira.

Horas antes, Jair Bolsonaro tinha prometido pagar um auxílio a 750 mil camionistas independentes, para compensar o aumento dos preços dos combustíveis no país, remetendo mais detalhes para os "próximos dias".

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