Ministro brasileiro diz que subida do dólar é boa porque com o dólar mais barato até empregadas domésticas iam à Disneyland - TVI

Ministro brasileiro diz que subida do dólar é boa porque com o dólar mais barato até empregadas domésticas iam à Disneyland

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  • 13 fev 2020, 08:18
Paulo Guedes

As palavras do ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, geraram polémica e foram duramente criticadas por outros políticos

O ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, afirmou esta quarta-feira que o dólar mais alto é bom para "todo o mundo" e que o dolár mais barato permitia até "empregadas domésticas irem à Disneyland, numa festa danada". As palavras do ministro geraram polémica e foram duramente criticadas por outros políticos.

Guedes afirmou que uma taxa de câmbio mais alta é "boa para todo o mundo"  pois fará "todo mundo conhecer o Brasil". O governante disse que o dólar mais barato estava a permitir que "toda a gente" pudesse ir à Disneyland, inclusivamente as "empregadas domésticas".

Não tem negócio de câmbio a 1,80 reais (0,38 cêntimos de euros). Vou exportar menos, em função das importações; no turismo, toda a gente a ir para a Disneyland. Empregada doméstica indo para a Disneyland, uma festa danada. Espera aí. Vai antes passear ali em Foz do Iguaçu [sul do Brasil], vai ali passear nas praias do Nordeste, está cheio de praias bonitas. (...) Vai passear no Brasil, que está cheio de coisa bonita para ver", afirmou o governante, num evento em Brasília, no dia em que o dólar fechou em alta, e bateu um novo recorde.

No corrente ano, a moeda norte-americana valorizou 8,50% em relação ao real brasileiro, tendo o dólar encerrado hoje em 4,35 reais (0,92 cêntimos), no seu quarto recorde consecutivo.

Paulo Guedes tentou minimizar as suas próprias declarações, afirmando que o que quis realmente dizer foi que com o "câmbio tão barato, até as classes sociais mais baixas" estavam a viajar para o estrangeiro.

Quis dar um exemplo (...), o que estou a dizer é que o câmbio estava tão barato que toda a gente ia para a Disney, até as classes sociais mais baixas. Todos têm de ir conhecer Walt Disney, mas não três ou quatro vezes ao ano", concluiu.

Contudo, apesar de ter tentado evitar a polémica, várias figuras políticas criticaram as duas declarações.

Atenção, empregada doméstica. Na lógica do ministro Paulo Guedes, era muito ruim você ter que viajar com a sua família várias vezes ao ano. Mas agora com o governo de Bolsonaro é bom porque...você não viaja mais. Esse governo te odeia, ok?", escreveu a deputada Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), no Twitter.

 

Já o ex-candidato às presidenciais brasileiras pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Fernando Haddad foi mais duro nas críticas, afirmando que Paulo Guedes "é um idiota" e que "terá de pedir desculpas mais uma vez".

O ódio e o desprezo que Paulo Guedes tem pelos brasileiros pobres é repugnante. Esse banqueiro parasita que fez fortuna fraudando fundos de pensão é a cara do Governo Bolsonaro", escreveu também o deputado federal do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no Twitter.

 

Segundo dados oficiais, citados pelo jornal Estado de São Paulo, o Brasil tinha, no final do ano passado, 6,356 milhões de empregados domésticos, com um salário médio mensal de 897 reais (189,4 euros).

Na semana passada, Guedes já tinha causado polémica ao comparar funcionários públicos a "parasitas", que estão a "matar o hospedeiro", numa referência ao governo e às reformas administrativas que o executivo pretende implantar.

Na ocasião, e após a repercussão do discurso do governante, o Ministério da Economia lançou um comunicado afirmando que "reconhece a elevada qualidade do quadro de funcionários" públicos, e que a as declarações do ministro foram tiradas "do contexto pela imprensa, desviando o foco do que é realmente importante no momento”, que é “transformar o Estado brasileiro para prestar melhores serviços ao cidadão".

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