A moção de censura apresentada pelo PSOE foi aprovada, esta sexta-feira, pelo Parlamento espanhol. Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, foi investido como novo presidente do Governo, e torna-se no sétimo primeiro-ministro da história da democracia do país.
Ahora sí: lo hemos conseguido. ¡Adiós! ¡Salud y República! ✊️🔻 (fotografía de @DaniGagoPhoto) pic.twitter.com/fgTXyog9g4
— Alberto Garzón🔻 (@agarzon) 1 de junho de 2018
Depois da votação da moção de censura, que foi aprovada com 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção, o Parlamento ovacionou Pedro Sánchez, que foi cumprimentado por Mariano Rajoy. Alguns deputados gritaram "Si se puede" ("Sim, podemos").
El secretario general del PSOE, Pedro Sánchez, es investido de la confianza del Congreso de los Diputados como presidente del Gobierno, al aprobarse la moción de censura por mayoría absoluta. 📝 https://t.co/N2GuY5PcuL pic.twitter.com/ajJHtm0cR0
— Congreso (@Congreso_Es) 1 de junho de 2018
DIRECTO | Aplausos en la bancada spocialista. Gritos de "sí se puede". Pedro Sánchez, nuevo presidente del Gobierno de España. Así ha sido el momento https://t.co/DlaoLa1RlT pic.twitter.com/7v1ZYRZqd5
— EL PAÍS (@el_pais) 1 de junho de 2018
O líder socialista conseguiu assim reunir os apoios dos deputados do Unidos Podemos, do ERC, do PDeCat, Compromisso, Bildu e Nova Canária. A moção de censura aprovada esta sexta-feira surge na sequência da condenação do Partido Popular no escândalo de corrupção Gürtel.
Sánchez comprometeu-se a respeitar os compromissos gerais de Estado assumidos por Rajoy, mas comprometeu-se também a abrir um processo de diálogo com os separatistas catalães.
Sem avançar com datas, Pedro Sánchez comprometeu-se também a convocar eleições
O adeus de Rajoy
Ainda antes da votação, Rajoy tomou a palavra e deu logo a derrota como certa. Visivelmente emocionado, despediu-se do Parlamento espanhol e desejou “sorte” a Pedro Sánchez.
Foi uma honra ter sido presidente do Governo de Espanha. Foi uma honra deixar uma Espanha melhor do que a encontrei. Oxalá o meu substituto possa dizer o mesmo quando chegar o dia dele. É só o que desejo, pelo bem do país."
"Creio que cumpri com o mandato da política, de servir a vida das pessoas. Se alguém se sentiu prejudicado nesta Câmara ou fora dela, peço desculpas", continuou.
Mariano Rajoy agradeceu aos espanhóis e aos companheiros de partido.
O secretário-geral do PSOE é o primeiro vencedor de uma moção de censura na história de Espanha. É também o primeiro chefe de Governo a assumir o posto sem ter sido deputado. Por isso, apresentou a moção, mas não a pode votar e apenas assistiu ao debate.
A presidente do Congresso dos Deputados, Ana Pastor, deverá reunir-se, esta sexta-feira à tarde, com o Rei Felipe VI, para lhe comunicar oficialmente o resultado da votação. De acordo com a Constituição, Rajoy deverá depois apresentar a demissão ao Rei, que investirá formalmente Pedro Sánchez. A tomada de posse pode acontecer já este sábado.
Tudo isto foi despoletado pelo caso Gürtel, um escândalo de corrupção que culminou, na última semana, com a condenação do Partido Popular, de Mariano Rajoy a pagar mais de 245 mil euros por ter lucrado com a trama. Considerou-se provado que havia uma espécie de “caixa 2” no partido desde 1989 e o antigo tesoureiro do PP foi condenado a 33 anos de cadeia. Apesar do testemunho de Rajoy perante o tribunal ter sido colocado em causa, o até agora primeiro-ministro foi ilibado no caso.
Os limites do Cidadãos
Ainda os ânimos não tinham arrefecido no Congresso e já se abriam as hostilidades contra Sánchez. Albert Rivera, líder do Cidadãos, prometeu uma oposição atenta ao novo presidente de Governo e assegurou que vai fiscalizar as alianças que possibilitaram a queda de Rajoy.
Estaremos atentos às conceções e hipotecas que nos deixe Pedro Sánchez, nestes meses de governação, nas mãos de Torra, Puigdemont e Bildu”, disse Rivera.
O Cidadãos considera que Sánchez como primeiro-ministro tem de pressupor um novo cenário político e uma nova estratégia. Rivera considera que o novo Governo socialista poderá ficar enfraquecido perante possíveis concessões às forças independentistas que apoiaram a moção de censura.
Albert Rivera questionou mesmo se Sánchez “será leal à Constituição, à unidade e igualdade de todos os espanhóis” e acrescentou que a chegada do PSOE ao Governo “não é uma boa notícia para Espanha, como não o foi a sentença do caso Gürtel”.
Apesar das relações difíceis com Pedro Sánchez, que parecem ir muito mais além da esfera política, Albert Rivera não fechou portas a possíveis entendimentos, sobretudo no que diz respeito à questão catalã.
Acredito que haja espaço para diálogo”, disse.
Contudo, Rivera fez questão de dizer que há limites que não serão ultrapassados. “Terá sempre de aplicar a Constituição. Se pensar em desrespeitá-la para compactuar com quem quer dividir o país, terá de nos enfrentar. Se aceitar aplica-la, estender o artigo 155 e garantir os direitos e liberdades de todos os espanhóis, ter-nos-á a seu lado”, acrescentou.