Espanha: moção de censura aprovada - TVI

Espanha: moção de censura aprovada

Moção apresentada pelo PSOE foi aprovada com 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção,

A moção de censura apresentada pelo PSOE foi aprovada, esta sexta-feira, pelo Parlamento espanhol.  Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, foi investido como novo presidente do Governo, e torna-se no sétimo primeiro-ministro da história da democracia do país. 

Depois da votação da moção de censura, que foi aprovada com 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção, o Parlamento ovacionou Pedro Sánchez, que foi cumprimentado por Mariano Rajoy. Alguns deputados gritaram "Si se puede" ("Sim, podemos"). 

O líder socialista conseguiu assim reunir os apoios dos deputados do Unidos Podemos, do ERC, do PDeCat, Compromisso, Bildu e Nova Canária. A moção de censura aprovada esta sexta-feira surge na sequência da condenação do Partido Popular no escândalo de corrupção Gürtel.

Sánchez comprometeu-se a respeitar os compromissos gerais de Estado assumidos por Rajoy, mas comprometeu-se também a abrir um processo de diálogo com os separatistas catalães.

Sem avançar com datas, Pedro Sánchez comprometeu-se também a convocar eleições

O adeus de Rajoy

Ainda antes da votação, Rajoy tomou a palavra e deu logo a derrota como certa. Visivelmente emocionado, despediu-se do Parlamento espanhol e desejou “sorte” a Pedro Sánchez.

Foi uma honra ter sido presidente do Governo de Espanha. Foi uma honra deixar uma Espanha melhor do que a encontrei. Oxalá o meu substituto possa dizer o mesmo quando chegar o dia dele. É só o que desejo, pelo bem do país."

"Creio que cumpri com o mandato da política, de servir a vida das pessoas. Se alguém se sentiu prejudicado nesta Câmara ou fora dela, peço desculpas", continuou. 

Mariano Rajoy agradeceu aos espanhóis e aos companheiros de partido. 

O secretário-geral do PSOE é o primeiro vencedor de uma moção de censura na história de Espanha. É também o primeiro chefe de Governo a assumir o posto sem ter sido deputado. Por isso, apresentou a moção, mas não a pode votar e apenas assistiu ao debate.

A presidente do Congresso dos Deputados, Ana Pastor, deverá reunir-se, esta sexta-feira à tarde, com o Rei Felipe VI, para lhe comunicar oficialmente o resultado da votação. De acordo com a Constituição, Rajoy deverá depois apresentar a demissão ao Rei, que investirá formalmente Pedro Sánchez. A tomada de posse pode acontecer já este sábado.

Tudo isto foi despoletado pelo caso Gürtel, um escândalo de corrupção que culminou, na última semana, com a condenação do Partido Popular, de Mariano Rajoy a pagar mais de 245 mil euros por ter lucrado com a trama. Considerou-se provado que havia uma espécie de “caixa 2” no partido desde 1989 e o antigo tesoureiro do PP foi condenado a 33 anos de cadeia. Apesar do testemunho de Rajoy perante o tribunal ter sido colocado em causa, o até agora primeiro-ministro foi ilibado no caso.

Os limites do Cidadãos

Ainda os ânimos não tinham arrefecido no Congresso e já se abriam as hostilidades contra Sánchez. Albert Rivera, líder do Cidadãos, prometeu uma oposição atenta ao novo presidente de Governo e assegurou que vai fiscalizar as alianças que possibilitaram a queda de Rajoy.

Estaremos atentos às conceções e hipotecas que nos deixe Pedro Sánchez, nestes meses de governação, nas mãos de Torra, Puigdemont e Bildu”, disse Rivera.

O Cidadãos considera que Sánchez como primeiro-ministro tem de pressupor um novo cenário político e uma nova estratégia. Rivera considera que o novo Governo socialista poderá ficar enfraquecido perante possíveis concessões às forças independentistas que apoiaram a moção de censura.

Albert Rivera questionou mesmo se Sánchez “será leal à Constituição, à unidade e igualdade de todos os espanhóis” e acrescentou que a chegada do PSOE ao Governo “não é uma boa notícia para Espanha, como não o foi a sentença do caso Gürtel”.

Apesar das relações difíceis com Pedro Sánchez, que parecem ir muito mais além da esfera política, Albert Rivera não fechou portas a possíveis entendimentos, sobretudo no que diz respeito à questão catalã.

Acredito que haja espaço para diálogo”, disse.

Contudo, Rivera fez questão de dizer que há limites que não serão ultrapassados. “Terá sempre de aplicar a Constituição. Se pensar em desrespeitá-la para compactuar com quem quer dividir o país, terá de nos enfrentar. Se aceitar aplica-la, estender o artigo 155 e garantir os direitos e liberdades de todos os espanhóis, ter-nos-á a seu lado”, acrescentou.

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