O hacker que atacou o Estado Islâmico em 60 segundos - TVI

O hacker que atacou o Estado Islâmico em 60 segundos

Ataque informático ao Estado Islâmico

Atentado à discoteca club gay de Orlando, em junho de 2016, levou o pirata informático Wauchula a combater a propaganda jihadista na Internet com humor e pornografia

Como hacker que é a sua identidade não é conhecida. Dá apenas pelo nome de Wauchula ghost e ganhou notoriedade depois do atentado a uma discoteca gay, em Orlando, em junho de 2016, no qual 49 pessoas perderam a vida. Ficou conhecido, depois disso, por atacar contas simpatizantes do Estado Islâmico. Fê-lo em 60 segundos com imagens pornográficas de homossexuais. 

O atentado de Orlando é atribuído precisamente ao Estado Islâmico e esta opção por recorrer a imagens gay foi um contra-ataque com toques de humor para atacar e ridicularizar a propaganda jihadista na internet. Quase um ano depois, o hacker falou com o El País numa troca de e-mails.

Vi muitas contas do ISIS a elogiar a morte de todas aquelas pessoas inocentes. Não sabia como é que as pessoas reagiriam [ao meu ataque informático], mas recebi toneladas de mensagens da comunidade LGBT a agradecer-me".

Para além de imagens de homossexuais nus a beijar-se, colocou na conhecida bandeira do Estado Islâmico a frase "O ISIS apoia os direitos dos gays". Tudo num tempo recorde: entrar em cada conta foi fácil, não levou mais do que 60 segundos.

Wauchula ghost sabia que esta estratégia de usar imagens porno gay irritaria muito os seguidores dos extremistas. Teve o efeito pretendido, a julgar pelas ameaças que recebeu de volta depois, logo naquela altura, e que continuam hoje em dia.

Houve uma delas, "em particular", que foi bastante explícita. Citado pelo El País numa troca de e-mails, o hacker contou que a ameaça vinha acompanhada de "um vídeo de uma decapitação que tinha como título ‘WauchulaGhost, vamos apanhar-te”.

Podem vir as ameaças que vierem, que este hacker garante que não vai parar de denunciar os extremistas.

Os ativistas da Anonymous também têm o Estado Islâmico como um dos seus grandes alvos. Wauchula ghost está, de resto, vinculado a este grupo. A missão é sempre a mesma: hackear as contas, para dá-las a conhecer às autoridades, ridicularizando-as e levando ao seu cancelamento.

O Twitter é uma das plataformas mais utilizadas pelo Estado Islâmico para difundir propaganda, para além da dark web. Mas a fiscalização apertou e entre agosto de 2015 e dezembro de 2016, a rede suspendeu mais de 636 mil contas. Muito graças ao trabalho deste hacker, já que cada vez que apanhava uma conta, o Twitter seguia-lhe o rasto e agia em conformidade.

Wauchula ghost tem estado agora também muito focado em denunciar "a corrupção no governo de Donald Trump". Um dos seus tweets mais recentes é, de resto, alusivo ao presidente norte-americano.

Continue a ler esta notícia