Brasil: mulheres unem-se nas redes sociais contra Bolsonaro - TVI

Brasil: mulheres unem-se nas redes sociais contra Bolsonaro

Jair Bolsonaro

Grupo criado no Facebook reúne, em poucos dias, 1,5% das eleitoras aptas a votar e organiza ações em São Paulo e no Rio de Janeiro

A menos de um mês das eleições presidenciais no Brasil, grupos virtuais de mulheres estão a mobilizar-se nas redes sociais contra as declarações "machistas" e "homofóbicas" do candidato da extrema-direita à presidência Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL). O maior deles, o “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, já se tornou viral.

Criado no Facebook, o grupo, formado apenas por eleitoras, começou a chamar a atenção na segunda-feira, ao agregar mais de 300 mil mulheres num único dia. Dois dias depois, já tinha 1,5 milhões de participantes convidadas, o equivalente a 1,5% do eleitorado feminino apto a votar este ano. Do total de 1,5 milhões de participantes convidadas, quase 800 mil já escolheram tornar-se membro do grupo, ao entrarem na página e clicarem em "ok”, noticia a plataforma online Universa.

O candidato da extrema-direita, que foi esfaqueado durante uma ação de campanha em Minas Gerais, lidera a corrida às presidenciais com 26% das intenções de voto, mas entre o eleitorado feminino a rejeição é de quase 50%, de acordo com uma sondagem divulgada na terça-feira.

As criadoras do “Mulheres Unidas contra Bolsonaro” afirmam que o objetivo não é apoiar nenhum partido e que todas as posições políticas são bem-vindas, desde que não votem no candidato do PSL, que apelidam de "inominável" ou "coiso". O grupo aproveita a grande mobilização online para marcar atos públicos contra o candidato na sexta-feira, em São Paulo, e no dia 29 de setembro, no Rio de Janeiro, entre outros eventos, refere o site Terra Brasil.

Numa conversa informal, resolvemos criar o grupo para demonstrar a nossa insatisfação em relação à candidatura do inominável por conta do seu discurso misógino, de ódio às minorias", diz a publicitária Ludmila Teixeira, criadora do grupo, citada pelo Universa.

No Brasil, 52% dos 147 milhões de eleitores são mulheres. De acordo com a última sondagem do instituto de pesquisa Datafolha, a taxa de rejeição feminina a Bolsonaro é a mais alta: 49% não votaria nele de forma alguma.

As mulheres explicam que Bolsonaro é conhecido por fazer comentários machistas, como quando disse à deputada federal Maria do Rosário, que só não a violaria porque "ela não merecia". Outra frase famosa do candidato é: “No quinto filho, fraquejei e veio uma mulher”. Bolsonaro também já afirmou que as mulheres devem ter salários mais baixos porque engravidam.

Queremos combater a ignorância com conhecimento e amor. Informar sobre as propostas dele e as dos outros candidatos. É importante dizer que o grupo não é contra a pessoa dele e sim contra a sua candidatura e as suas propostas”, explica Ludmilla Teixeira.

A publicitária, de 36 anos, refere que, depois de o grupo ter sido criado, recebeu mensagens de homens surpreendidos com a revolta das mulheres.

Muita gente não tem informação. Mesmo mulheres vieram falar comigo, repetindo o que ouvem por aí. Depois da criação do grupo, já vi gente desistir de votar nele [Bolsonaro]”, afirma.

Mas nem todas as mulheres se opõem ao candidato presidencial do PSL. Também foram criados grupos femininos de apoio a Bolsonaro, mas que não chegam a ter a 100 mil membros.

Para o dia 29 de setembro, no Rio de Janeiro, está agendada uma manifestação intitulada “Mulheres com Bolsonaro”. O objetivo é “contrapor-se ao evento criado pelo movimento feminista", refere um texto que circula nas redes sociais.

 

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