Um dia em que os Clinton foram à bola um com o outro - TVI

Um dia em que os Clinton foram à bola um com o outro

  • Paulo Delgado
  • 5 nov 2016, 23:00

Numa olhadela a uma espécie de álbum de velhas fotografias, descobre-se que o casal Clinton até gostava de se entreter a jogar futebol. Nada que Donald Trump também não tenha feito

Meia bola e força! Na reta final da campanha, depois de muito frente a frente, o esperado desafio está marcado para o próximo dia 8 de novembro. Hillary Clinton ou Donald Trump, um deles irá suceder a Barack Obama como presidente do país mais poderoso do planeta. E numa campanha em que vale tudo, ou quase, até as fotos do passado surgiram em turbilhão. Seguramente, para criar a desejada empatia com os eleitores, de quem esperam os votos.

Trump, o candidato republicano, nunca se fez rogado. Através das suas contas no Twitter e Facebook tem divulgado os retratos da infância, adolescência, juventude e depois, dos grandes momentos dos seus muitos negócios. No imobiliário, nos casinos, no futebol americano, no wrestling, nos concursos de misses… Enfim, em tudo o que dê ou possa dar dinheiro.

Velhas fotos de Hillary Clinton também se encontram às carradas. Seja em contas de Twitter e Facebook - casos da @Historicalmages ou History In Pictures (@LostlnHistory) - seja em milhentas publicações de sites e páginas da internet.

Conclusão: tanto Trump, quanto Hillary cresceram, fizeram as suas vidas e assumiram-se agora como candidatos presidenciais. Em lados opostos da barricada, tal como sempre estiveram, apesar de serem da mesma geração.

Ela até queria ser astronauta

Hillary nasceu há 69 anos. Conhece-se o seu trajeto escolar e académico: brilhante. Mas a menina e excelente aluna, quis ser astronauta. E até escreveu para a NASA, a informar-se como poderia chegar, um dia, ao espaço.

A própria, por diversas vezes, contou a história. E a imprensa norte-americana já tratou de investigar se era verdadeira. Tudo indica que sim. Há um ano, o influente Washington Post fez-lhe o fact-check e concluiu que era muito plausível. Sobretudo a resposta da NASA dizendo à adolescente Hillary que “menina não entra” nos planos espaciais norte-americanos.

Estávamos então em 1961. Quando o então presidente Kennedy, acossado pelo sucesso soviético de ter colocado Yuri Gagarin no espaço, prometeu que os Estados Unidos levariam homens à lua até ao final da década.

O presidente Kennedy tinha lançado a campanha para ir à lua. Isto foi por volta de 1961. Escrevi uma carta à NASA e perguntei-lhes o que devia fazer para ser astronauta. Disse-lhes algo acerca de mim… E eles escreveram-me de volta, dizendo ‘Não estamos a aceitar raparigas como astronautas’, o que me deixou furiosa”, contou Hillary acerca do episódio.

Kennedy teria também uma influência importante no futuro marido de Hillary, Bill, que ela conheceria mais tarde na faculdade de Yale. Segundo as memórias do próprio, o seu interesse pela política foi marcado por ter cumprimentado, quando era estudante, o então presidente norte-americano.

O encontro ocorreu numa cerimónia de recepção que John Kennedy levou a cabo na Casa Branca. Foi a 24 de julho de 1963, meses antes do presidente ser assassinado, a 22 de novembro, em Dallas, no Texas.

Além de Kennedy, Bill Clinton sempre se disse também influenciado pelas prédicas e intervenções do ativista negro Martin Luther King. Tal como a jovem Hillary, que o viu e ouviu ao vivo quando ainda era estudante no Wellesley College.

Luther King seria assassinado em 1968. Hillary acabou o liceu um ano depois e ficou conhecida por ter sido a primeira rapariga a falar na sessão de graduação. O seu discurso anti-sistema foi tão notório e notado que lhe deu direito a ser entrevistada para a Life Magazine.

Depois, seguiram-se os anos na Universidade de Yale. E o conhecido encontro com Bill na biblioteca. Nas fotos da época, surgem em modos de flower power, com o aspeto hippie de então.

Uma das mais conhecidas fotografias tem mesmo sido usada nas redes sociais da internet para brincar com o que poderiam sonhar então os dois namorados. Pensariam ser um dia presidentes dos Estados Unidos? “’Tá bem. Quando o Bob Dylan ganhar o Nobel da Literatura”, é a resposta colocada sobre Hillary.

Ora Dylan, lá ganhou o Nobel. Bill já foi presidente e Hillary pretende agora fazer o mesmo.

Eles até já estiveram juntos e em boas companhias

Apesar das aventuras amorosas que marcaram os dois mandatos presidenciais de Bill, algumas que remontam mesmo aos tempos de governador do Arkansas, ele e Hillary Rodham Clinton continuam juntos. Agora, a fazer frente a Donald Trump na corrida à Casa Branca.

Mas Bill e Trump já viveram bons momentos de, descompressão. Há 16 anos, privaram mesmo animadamente num torneio de ténis.

Clinton estava no final do seu segundo e último mandato presidencial. A foto foi cedida pela Clinton Presidential Library, após forte insistência do site Politico. Bill aparece a abraçar Melania, a futura e terceira esposa de Trump, e este surge ao lado da modelo Kylie Bax: a que tem uma camisola com o símbolo da Playboy, na qual até já foi capa. Por coincidência, uma revista que deliciava os jovens que, como o agora candidato Donald, com ele conviveram nos anos passados na Academia Militar de Nova Iorque.

Foi precisamente aí, na austera Academia Militar, onde entrou aos 13 anos, que Trump terá moldado em muito a sua personalidade. Competitivo ao máximo, mulherengo - o livro de curso descreve-o como “Ladies’ Man” - e desportista. Praticou de tudo um pouco, incluindo futebol. Ei-lo na equipa de 1963: é o quarto a contar da esquerda. Na fila da frente. Claro.

Rancores a preto e branco

Trump terá herdado do pai Fred a obsessão pelos negócios. Seguiu-lhe as pisadas e ultrapassou-o. Tornou-se um magnata, um businessman. Com mais altos que baixos, embora também tenha tido dias em que as coisas estiveram a bater no fundo. Agora, quer dar um passo ainda maior e alcançar o topo da vida política. Ou seja, o lugar ocupado por Obama. Que está de saída e por quem não morre de amores.

O desaguisado entre Trump e Obama já tem anos. Muito antes mesmo do primeiro presidente negro dos Estados Unidos entrar em força na atual campanha de apoio a Hillary.

Há uns três anos, Trump veio a terreiro questionar a cidadania norte-americana de Obama. Terá mesmo oferecido cinco milhões de dólares a qualquer instituição de caridade indicada pelo presidente, caso este apresentasse a sua cédula de nascimento.

Só em setembro passado, Trump admitiu que Obama nasceu mesmo nos Estados Unidos. O ainda presidente nunca lhe deixou de responder à letra. Até porque essas insinuações, percebe-se, sempre o tiraram do sério.

Obama veio a público assegurar que tinha nascido no Havai. Precisamente, à hora em que Trump se preparava para falar numa conferência de imprensa, que acabou por não passar em direto. Além disso, há fotos que o mostram em miúdo. Por exemplo, a que está com a mãe, mascarado de pirata. Teria dois a três anos e corria o ano de 1963. Estava Donald quase a sair da Academia Militar.

 

 

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