Vídeo sexy de campanha incomoda eleitores no México - TVI

Vídeo sexy de campanha incomoda eleitores no México

Novo ‘spot’ promocional pensado pela equipa do candidato da esquerda às presidenciais, Andrés Manuel López Obrador, apagado menos de um dia depois de ser divulgado nas redes sociais

A guerra “suja” da campanha eleitoral no México parece estar a tornar-se um pouco suja demais para os eleitores. O mais recente vídeo de campanha do candidato da esquerda às presidenciais de 1 de Julho, Andrés Manuel López Obrador, divulgado na quinta-feira, fez com que as pessoas se sentissem um pouco desconfortáveis e acabou mesmo por ser suspenso, relata o site norte-americano BuzzFeed News.

No vídeo, um homem, de cabelos escuros e musculado, começa a abrir o fecho das calças de uma mulher quando ela o empurra para trás, parecendo angustiada. O homem coloca a mão no ombro dela, mas ela retrai-se.

 É que… eu vou votar em Andrés Manuel", diz-lhe ela com cautela, como se estivesse a revelar-lhe um segredo obscuro.

Depois de um silêncio desconfortável, ele sorri e consola-a, dizendo que também vai votar em López Obrador. Os dois voltam a deitar-se no sofá e continuam a beijar-se alegremente. O 'spot' acaba com a hastag #nuncadigasnunca.

Juan Pablo Espinosa, um dos elementos da equipa de campanha de López Obrador responsável pelo combate à desinformação em relação ao candidato do Movimento Nacional de Regeneração, disse ao BuzzFeed News que o vídeo é uma resposta aos ataques dos outros candidatos presidenciais.

Os rivais de Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, estão preocupados com a crescente popularidade do candidato que já lidera as sondagens com mais de 50%, e têm-se concentrado menos em apresentar propostas políticas concretas e mais em retratar o candidato presidencial de 64 anos como velho e doente.

Numa das mais recentes provocações, publicada na página do Twitter “Ruido en la Red”, uma mulher conversa com um médico enquanto um homem de cabelos brancos, numa alusão a López Obrador, está sentado atrás dela a gesticular de forma frenética. No final sublinha-se que “é preciso respeitá-lo”, mas “se não está em condições… não ponhas o futuro nas mãos dele”.

Num outro vídeo, uma jovem apresenta o namorado Andrés aos pais. “Há escolhas na vida em relação às quais não podemos voltar atrás", diz a mãe no vídeo produzido pelo partido centrista Nueva Alianza. "Sinto muito, Andrés, acho que vou pensar melhor", conclui a jovem.

Nas últimas semanas, várias pessoas relataram ter recebido telefonemas de números não identificados, alegando tratar-se de um inquérito por telefone, mas em que os entrevistadores acusam os colaboradores de López Obrador de ameaçarem desencadear a violência, caso o candidato presidencial perca a eleição.

O vídeo de campanha publicado na quinta-feira pretendia "abrir o debate sobre essa guerra suja [dos rivais de López Obrador]", explicou ainda Juan Pablo Espinosa ao BuzzFeed News. Mas o resultado não foi bem o que o responsável e a sua equipa esperavam, embora admitissem que pudesse haver alguma reação negativa.

No Twitter, as reações não se fizeram esperar. “Não desçam ao nível da oposição, vocês são melhores do que isso. Eu sei que a intenção do spot é boa, mas há melhores formas de o demonstrar”, escreveu um utilizador da rede social.

 "Vou votar em AMLO. Mas a campanha é terrível, resulta no oposto do que foi planeado. Não tem humor, não é inteligente. É má”, lê-se num outro tweet.

Pouco depois de postar o vídeo do casal prestes a fazer sexo, a plataforma da campanha de AMLO no Twitter, a conta Abra Más Los Ojos (Abra Mais os Olhos, na tradução em Português) lançou uma sondagem com a pergunta: “Devemos apagar o vídeo? Você decide”. O resultado depois de mais de 5.000 votos foi 37% a favor, 33% contra. E o vídeo foi então apagado.

A mais recente sondagem, feita entre 24 e 27 de maio, revela que Andrés Manuel López Obrador, líder do Movimento Nacional de Regeneração e ex-presidente da Câmara da Cidade do México, lidera as intenções de voto para as presidenciais com 52% de apoio do eleitorado. Trata-se de uma subida de quatro pontos percentuais em relação ao resultado da sondagem anterior, realizada no final de abril.

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