A notícia apanhou todos de surpresa e quando escrevemos todos incluímos a rainha Isabel II, o príncipe Carlos e o príncipe William. Isto porque Harry e Meghan, os duques de Sussex decidiram anunciar ao mundo que iriam afastar-se dos seus papéis como membros séniores da realeza sem antes terem autorização da família real.
De acordo com o correspondente real da BBC, Jonny Dymond, que falou com fontes do Palácio de Buckhingam, a família real foi "apanhada de surpresa" pelo anúncio uma vez que as conversações sobre o futuro dos duques de Sussex tinham apenas começado e há "problemas complicados" para resolver.
No entanto, no comunicado que publicaram na quarta-feira, Harry e Meghan escrevem que tomaram a "decisão depois de muitos meses de reflexão e de discussão".
"Escolhemos fazer a transição este ano e desenhar um novo papel progressista dentro da realeza", garantem.
Por sua vez, Rebecca English, correspondente real do Daily Mail, escreve que quer o pai, quer o irmão de Harry tiveram conhecimento do comunicado apenas dez minutos antes do mesmo ser publicado na página do Instagram dos duques. O que deixou ambos "incandescentes de raiva".
De acordo com fontes reais citadas pelo mesmo jornal, que faz parte da Royal Rota (já lá vamos), o príncipe Harry terá ignorado ordens diretas da Rainha Isabel II sobre o assunto.
A avó do príncipe ter-lhe-à dito para que não fizesse qualquer tipo de anúncio sobre os seus planos de futuro por agora.
O jornal diz ainda que o príncipe Harry tentou reunir com a rainha em Sandringham assim que regressou do Canadá, mas tal não foi possível, pelo que a monarca pediu ao neto que discutisse os detalhes do seu plano com o pai, o príncipe Carlos, que antes do Natal já lhe tinha dito que o mesmo precisava de tempo e trabalho.
Uma saída precipitada, mas pensada?
Certo é que o anúncio foi feito e se há quem critique, também há quem aplauda e lembre que esta não é a primeira vez que o filho mais novo da princesa Diana quer sair da "Firma".
Em 2017, em entrevista ao Mail on Sunday, o duque de Sussex revelou que experiência de ir para o Exército e de ser "apenas Harry" o levou a considerar abdicar de qualquer papel na monarquia.
"Houve um tempo em que... eu quis sair", afirmou o príncipe.
E agora, passou do pensar ao fazer e anunciou que está de saída da família real, ainda que se mantenha como sexto na linha de sucessão ao trono.
Prova de que a saída da família real foi pensada com tempo pelos duques de Sussex é o site que foi lançado pouco depois do anúncio. Criado pela mesma empresa que em tempos foi responsável pela gestão do blog de Meghan Markle, o site tem na primeira página o comunicado e nas outras três áreas explicam não só a sua ligação à rainha e à família real, como o seu papel na Commonwealth e como vão apoiar a comunidade através da nova instituição de solidariedade que querem que seja global.
Mas é na área dedicada aos media que Meghan e Harry mais se destacam, uma vez que anunciam que vão sair da Royal Rota - um grupo de jornais britânicos que exclusivamente cobre à vez os eventos ou tem acesso a informações da família real antes da restante imprensa - e passarão a usar as suas plataformas para dar acesso às suas informações de forma igualitária.
"No seguimento da sua decisão de ajustar o seu modelo de trabalho em 2020, é apropriado alterar sua política de relações com os media para refletir os seus novos papéis. A sua sincera esperança é que esta mudança na política de imprensa melhore o acesso e dê aos duques a capacidade de compartilhar informações de forma mais livre com o público", pode ler-se no site.
Sussex Royal vira marca?
Outro dos anúncios no comunicado é o de que Harry e Meghan querem ser "financeiramente independentes da rainha", ou seja, vão deixar de receber a concessão soberana atribuída para cobrir as despesas em deveres reais.
Este subsídio corresponde a 5% do valor recebido pelos cargos que representam, sendo o príncipe Carlos responsável pelo pagamento dos restantes 95% através do dinheiro que recebe do ducado da Cornualha.
Saindo de cena na família real, não se sabe se o príncipe Carlos vai continuar a pagar a "mesada" (ou em que percentagem) aos duques de Sussex, o que significa que não se sabe como farão para obter rendimentos.
Certo é que, em junho do ano passado, o casal deu entrada de um pedido da marca "Sussex Royal" no gabinete de propriedade intelectual do governo britânico para itens como livros, calendários, roupa, angariações solidárias e serviços sociais, entre outros.
Apesar de se "afastarem da família real", os custos quando visitem o Reino Unido em representação da rainha Isabel II serão custeados pela coroa e Harry e Meghan estão classificados como "pessoas protegidas internacionalmente", o que significa que terão segurança armada feita pela Polícia Metropolitana.
Quanto a residência no Reino Unido, o casal pretende manter a casa de campo em Frogmore, mas é possível que venha a pagar renda à avó do príncipe.