Irão contesta "novo acordo nuclear" de Macron e Trump - TVI

Irão contesta "novo acordo nuclear" de Macron e Trump

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  • 25 abr 2018, 13:22
Hassan Rohani

Hassan Rohani questionou ainda os dois países sobre o que fizeram até agora para aplicar o acordo que agora querem rever

O presidente do Irão, Hassan Rohani, contestou hoje a legitimidade de um eventual novo acordo sobre o programa nuclear iraniano. A decisão surge na sequência das propostas assumidas na terça-feira pelos presidentes dos Estados Unidos e da França.

Em conjunto com um chefe [de Estado] de um país europeu eles dizem: ‘Queremos decidir um acordo concluído a sete’. Porquê fazê-lo? Qual é o direito?”, questionou Rohani num discurso em Tabriz (norte do Irão), numa referência implícita a Donald Trump e Emmanuel Macron 

O presidente francês, em visita oficial a Washington, defendeu juntamente com Donald Trump um novo acordo para travar as ambições nucleares do Irão, pouco depois de Trump ter considerado o atual texto sobre o programa iraniano “um desastre”.

Nós não temos as mesmas posições de princípio sobre este tema [e] tivemos uma conversa muito aprofundada sobre a questão deste acordo assinado em 2015 com o objetivo de impedir o Irão de se dotar de armas nucleares", declarou Macron numa conferência de imprensa conjunta com o presidente norte-americano

Numa cerimónia para assinalar a cidade de Tabriz como capital turística do mundo islâmico em 2018, Rohani questionou os dois países sobre o que fizeram até agora para aplicar o acordo que agora querem rever.

Vocês querem-me dizer a mim como é que isto deve ser feito? Digam então o que têm feito nos últimos dois anos", acrescentou o presidente iraniano, que acusa frequentemente os ocidentais de faltarem ao cumprimento dos seus compromissos.

Rohani acusou ainda o Tesouro norte-americano de ter toda a terra como refém das suas sanções e salientou que a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), sob a égide da ONU, certifica regularmente a conformidade do Irão com os compromissos assumidos em Viena.

Nós mostrámos a nossa boa vontade ao mundo (...). Nós queremos provar ao mundo que o Irão não está à procura de se dotar de armas de destruição maciça", assegurou.

Referindo-se a Trump, mas sem o citar, Rohani considerou que o presidente norte-americano "é um homem de negócios", sem "alguma experiência em política, nem em matéria de direito ou de acordos internacionais".

Os partidários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano asseguram que este acordo é a melhor garantia para impedir que o Irão se dote da bomba atómica. Trump, no entanto, considera o acordo demasiado fraco.

Durante a sua campanha presidencial, Trump prometeu “rasgar” o acordo, desejado pelo seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama, e fruto de anos de negociações.

Ameaçando passar à ação 15 meses após a chegada ao poder, Trump deu aos signatários europeus do atual acordo com o Irão (Alemanha, Reino Unido e França) até 12 de maio para o tornar mais severo.

Há vários meses que digo que este acordo não é suficiente, mas que nos permite, em todo o caso, ter controlo até 2025 sobre as atividades nucleares do Irão", insistiu Macron.

O presidente francês desejou poder envolver-se no processo de elaboração de um novo acordo “nas próximas semanas e nos próximos meses”.

Rússia e Bruxelas apelam à preservação do acordo

A Rússia afirmou hoje que o acordo nuclear iraniano “não tem alternativa” e a União Europeia que “funciona e deve ser preservado”, um dia depois do anúncio, pelos EUA e a França, de que pretendem trabalhar num novo tratado.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse, em Moscovo, que o atual acordo sobre o nuclear iraniano "não tem alternativa".

Defendemos que o acordo seja preservado no seu estado atual. Estimamos que por agora ele não tem alternativa", indicou Peskov à imprensa.

Por seu lado, Federica Mogherini, a chefe da diplomacia da União Europeia, afirmou que o atual acordo nuclear iraniano “funciona” e "deve ser preservado".

Há um acordo que existe, que funciona e deve ser preservado", afirmou Mogherini em Bruxelas, durante uma conferência de doadores para a Síria.

Durante uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE a 16 de abril, no Luxemburgo, Mogherini tinha já excluído "discutir por em causa os compromissos tomados no quadro do acordo concluído com Teerão sobre o nuclear".

A UE participou na conclusão deste acordo assinado em Viena em julho de 2015 depois de anos de negociações entre o Irão e o grupo dos 5+1 (Alemanha, EUA, França, Reino Unido e Rússia).

Nos termos do acordo, Teerão aceitou congelar o seu programa nuclear até 2025.

Os partidários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano asseguram que este acordo é a melhor garantia para impedir que o Irão se dote da bomba atómica.

Trump, no entanto, considera o acordo demasiado fraco.

Durante a sua campanha presidencial, Trump prometeu “rasgar” o acordo, desejado pelo seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama, e fruto de anos de negociações.

Ameaçando passar à ação 15 meses após a chegada ao poder, Trump deu aos signatários europeus do atual acordo com o Irão (Alemanha, Reino Unido e França) até 12 de maio para o tornar mais severo.

 

 

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