Polémica: prostituta enterrada ao lado de Calvino - TVI

Polémica: prostituta enterrada ao lado de Calvino

Prostituição

Cemitério reservado às pessoas que marcaram profundamente a Suíça

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Uma conhecida prostituta defensora dos direitos e dignidade das trabalhadoras do sexo teve esta segunda-feira direito a ser enterrada no mesmo cemitério onde repousa o teólogo protestante João Calvino e algumas activistas criticaram a decisão.

Griselidis Real, que morreu em 2005, foi enterrada na presença de 200 pessoas no Cemitério dos Reis, que é reservado aos indivíduos que marcaram profundamente a Suíça ou a história internacional. O escritor argentino Jose Luis Borges e o pioneiro da psicologia infantil Jean Piaget estão entre as personalidades ali enterradas.

O corpo de Griselidis Real, que tinha 76 anos quando morreu, apenas dez anos depois de ter abandonado a prostituição, foi exumado de um outro cemitério em Genebra para a cerimónia que alguns - particularmente mulheres - consideraram ofensiva.

«Se todas as mulheres que têm crianças para criar sozinhas se virassem para a prostituição, a cidade de Genebra seria um bordel», disse Amelia Christinat, uma feminista e antigo membro do parlamento suíço que se opôs à trasladação.

Jacqueline Berenstein-Wavre, a primeira mulher a chefiar o parlamento de Genebra, também colocou objecções.

«Nenhuma mulher devia congratular-se com esta transferência que mais não é do que a exaltação de uma prostituta e da prostituição em geral pelos seus protectores masculinos», disse ela ao diário Tribune de Geneve, que salientou haver poucas mulheres enterradas naquele cemitério, menos de um quarto das 350 sepulturas.

A prostituição é legal na Suíça, com «bairros vermelhos» nalgumas cidades. Mas Griselidis Real trabalhou durante anos para melhor as condições das trabalhadoras do sexo.

Ela ajudou a fundar a Aspasie, uma associação que se descreve como promotora da solidariedade com as prostitutas.

A Aspasie disse que ela reuniu uma colecção de artigos de jornais, filmes e outra documentação sobre prostituição durante 30 anos e que os seus quatro filhos doaram esse espólio à associação quando ela morreu.

A Igreja Protestante de Genebra tem-se mostrado reservada nos seus comentários à trasladação, apesar de esta antiga combatente pelos direitos das prostitutas descansar agora perto de uma das figuras centrais da história da cristandade.
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