Alunos de escola primária investigados por atos de rebeldia contra o governo indiano - TVI

Alunos de escola primária investigados por atos de rebeldia contra o governo indiano

  • AMA/RL
  • 30 jan 2020, 18:19

Em causa está uma peça de teatro que criticava o Citizenship Amendment Act, um projeto de lei que concede cidadania indiana a refugiados de todas as religiões, menos a muçulmana

Os alunos da escola primária Shaheen no distrito de Bidar, na Índia, foram interrogados pelas autoridades, durante vários dias, por suspeitas de atos de rebeldia da escola contra o regime.

Em causa está o desempenho durante uma peça de teatro que criticava o Citizenship Amendment Act, um projeto de lei que concede cidadania indiana a refugiados de todas as religiões, menos a muçulmana.

De acordo com o The Guardian, a peça incluía "insultos" contra o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Os vídeos da peça de teatro tornaram-se virais nas redes sociais. As imagens mostram as crianças, de nove e dez anos, a discutir os medos que os muçulmanos enfrentam e a cantar uma música de Bollywood que se tornou um grito de protesto, o que levou um membro do partido de Narendra Modi a apresentar queixa.

Yusuf Ahamed, diretor da escola primária, expressou a sua indignação sobre o interrogatório feito a ambos os alunos e os professores.

A polícia tem vindo à escola diariamente, nos últimos três dias, fazer questões sobre os alunos e os seus professores", contou o diretor aos media locais, acrescentando que os alunos “Estão a ser tratados como antinacionais”.

As autoridades acusaram a administração da escola de provocação, promoção de um ato de rebeldia coletiva e hostilidade. Nenhuma das crianças interrogadas terá sido acusada.

Sreedhara, porta-voz da polícia de Bidar, explicou que o motivo da investigação remetia a uma queixa feita por um ativista, que denunciou o conteúdo da peça como ofensivo ao governo de Modi.

Começámos a investigação sob uma denúncia de um ativista que alegou que a peça criticava e desrespeitava Modi,” avançou, em comunicado.

A controversa lei de cidadania, aprovada pelo parlamento indiano em dezembro, está a tornar-se num pesadelo para o governo do primeiro-ministro Narendra Modi, com milhares de pessoas em protesto nas ruas e nas universidades. 

Esta emenda na constituição indiana permite aos imigrantes sem documentos de seis minorias não-muçulmanas do Paquistão, Bangladesh e Afeganistão poder naturalizar-se, por serem perseguidos nos países de origem. De fora ficam, por exemplo, ahmadis e rohingyas.

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