Bolívia: Evo Morales cede e anuncia novas eleições - TVI

Bolívia: Evo Morales cede e anuncia novas eleições

  • MM
  • 10 nov 2019, 13:12
Evo Morales

Evo Morales denunciou que manifestantes incendiaram no sábado a casa da sua irmã em Oruro

O Presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou este domingo que vai convocar novas eleições, depois de a Organização dos Estados Americanos (OEA) ter recomendado a repetição da primeira volta, realizada em 20 de outubro, que o deu como vencedor.

Decidi convocar novas eleições”, afirmou o Presidente boliviano, citado pela agência de notícias Efe, a partir do hangar presidencial do aeroporto internacional de El Alto, cidade vizinha de La Paz.

Evo Morales assegurou que as novas eleições se realizarão com um órgão eleitoral renovado, face às denúncias de fraude na primeira volta, e que haverá “novos atores políticos”, sem adiantar datas.

O chefe de Estado boliviano afirmou também que concordou em revogar todos os membros do Supremo Tribunal Eleitoral, que a oposição e os comités civis acusam de fraude eleitoral na vitória que concedeu a Morales um quarto mandato consecutivo, até 2025.

Nesse sentido, o Presidente adiantou que o Parlamento boliviano, órgão competente para renovar o Tribunal Eleitoral, iniciará em breve o processo de nomeação de novos membros.

O Presidente da Bolívia acrescentou que tomou a decisão para “diminuir toda a tensão” e “pacificar a Bolívia”.

Evo Morales denunciou que manifestantes incendiaram no sábado a casa da sua irmã em Oruro, cidade no sul do país, e que atearam fogo à casa dos governadores de Chuquisaca e Oruro.

Denunciamos e condenamos perante a comunidade internacional (...) o facto de o plano de um golpe fascista executar ações violentas com grupos ilegais que atearam fogo à casa dos governadores de Chuquisaca e Oruro, bem como da minha irmã nesta cidade ", escreveu Evo Morales no Twitter.

A denuncia do Presidente boliviano acontece no mesmo dia em que os manifestantes antigovernamentais incendiaram uma estação de transmissão do canal de televisão boliviano Unitel na cidade de El Alto, cidade vizinha de La Paz, que não conseguiu enviar um sinal aberto para ambas as cidades.

As instalações sofreram danos materiais, mas felizmente não registamos feridos. Por esse motivo, os nossos sinais abertos foram interrompidos para ambas as cidades", aponta um comunicado, lido por um apresentador da Unitel.

A estação atacada está localizada no bairro de Ciudad Satélite, local onde se registaram atos de vandalismo durante a noite.

Além disso, um grupo de manifestantes hostis ao Presidente Evo Morales já tinha ocupado, também no sábado, as sedes de uma televisão e rádio estatais, na capital boliviana, La Paz, e coagiu os funcionários a abandonarem o edifício.

Depois de terem sido ocupadas, a Bolivia TV e a Radio Patria Nueva passaram a difundir apenas música.

Na rede social Twitter, Evo Morales, condenou a ocupação dos dois meios de comunicação social, acusando os manifestantes de "agirem como numa ditadura", apesar de dizerem que “defendem a democracia".

Dezenas de funcionários foram vistos a sair do edifício onde ficam as sedes da Bolivia TV e da Radio Patria Nueva, debaixo de insultos de cerca de 300 pessoas, que os acusaram de servir os interesses do Governo de Evo Morales.

Fomos expulsos pela força depois de termos recebido ameaças", afirmou à agência noticiosa France Presse o diretor da Radio Patria Nueva, Ivan Maldonado.

Pouco depois da ocupação da televisão Bolivia TV e da Radio Patria Nueva, a rádio da Confederação Sindical Unificada de Trabalhadores Rurais da Bolívia, em La Paz, foi igualmente invadida por manifestantes, de acordo com um outro 'tweet' de Evo Morales.

A Bolívia atravessa uma crise desde as eleições de 20 de outubro, após as quais o corpo eleitoral deu a vitória ao Presidente Evo Morales, pelo quarto mandato consecutivo até 2025, mas a oposição e os comités civis alegam fraudes, exigem a renúncia de Morales e novas eleições.

Os protestos a favor e contra o Presidente causaram desde então pelo menos três mortos e 383 feridos, segundo dados da Provedoria da Bolívia.

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