Milhares de manifestantes reuniram-se esta quarta-feira, em Brasília, em protesto contra o presidente Michel Temer e exigindo eleições antecipadas, depois da polémica da semana passada, onde o presidente foi acusado de três crimes.
Pelo menos seis polícias ficaram feridos e um manifestante foi baleado. Estão destacados 1.200 soldados para garantir a segurança dos ministérios naquela cidade.
A manifestação de ontem, que decorreu na Esplanda dos Ministérios, foi reprimida pela polícia militar com bombas de gás lacrimogénio e spray de gás pimenta, depois de os ânimos se terem exaltado entre os manifestantes e a polícia. As autoridades formaram uma barreira para impedir que os manifestantes se aproximassem do Congresso Nacional, mas as milhares de pessoas presentes no local conseguiram ultrapassar o bloqueio e atirar pedras à polícia militar.
Alguns edifícios onde se localizam os ministérios brasileiros, em Brasília, chegaram mesmo a ser incendiados e pilhados durante o protesto. As fachadas dos ministérios de Minas e de Energia, dos Transportes, da Agricultura, do Meio Ambiente, da Cultura e do Planeamento foram mesmo destruídas. Sete pessoas acabaram detidas.
Com o agravamento dos confrontos, o Governo brasileiro deu ordem para que todos os edifícios da Esplanada dos Ministérios fossem evacuados.
Estima-se que 35 mil pessoas tenham marcado presença na manifestação. No ar erguiam-se cartazes como "Fora Temer, diretas já" e "Corruptos tirem as mãos dos meus direitos".
Face às mais recentes denúncias que envolvem o presidente, os participantes passaram a pedir a sua destituição e a realização de eleições diretas para a escolha de um substituto.
Temer não pode ficar e estas reformas que tiram os nossos direitos não podem avançar. Queremos [eleições] diretas já", resumiu o sindicalista da área da saúde de Anápolis, Dorivaldo Fernandes, à Reuters.
O presidente brasileiro tem vindo a perder popularidade, sobretudo depois de divulgada uma gravação de uma conversa telefónica com um empresário, Joesley Batista, no âmbito do Lava Jato.
Temer recusou-se a renunciar mesmo depois de ser acusado dos crimes de corrupção passiva, obstrução à justiça e associação criminosa. Sindicatos e partidos de esquerda apelaram a protestos para pressionar a queda do presidente.
A multidão encontrou-se perto do estádio de futebol de Mané Garrinha, na capital brasileira, para iniciarem a marcha rumo ao Congresso, onde os legisladores estavam reunidos para discutir o sistema político pós-Temer, no caso de o presidente renunciar ou ser destituído. Caso isso suceda, o Congresso terá 30 dias para escolher um sucessor até às próximas eleições, no final do próximo ano.