Egipto: «Até que Mubarak se vá» - TVI

Egipto: «Até que Mubarak se vá»

Manifestantes voltam às ruas. Oposição insiste que presidente abandone o poder. Vítimas mortais aumentam

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Artigo actualizado às 13h17

Centenas de manifestantes anti-governamentais regressaram este sábado ao centro do Cairo, à praça Tahrir, entoando palavras de ordem contra o Presidente Hosni Mubarak, horas depois de este ter demitido o Governo, mas recusado abandonar o poder, escreve a Lusa. Oposição exige saída do presidente.

Já este sábado de manhã, a televisão estatal avançou com a demissão oficial do Governo.

Vários tanques militares estacionaram na Praça de Tahrir, mas os soldados não intervieram nos protestos de hoje. O Exército apelou, entretanto, ao «grande povo do Egito» para «respeitar o cessar-fogo» e para que não se juntem em locais públicos, num comunicado divulgado pela agência noticiosa oficial Mena.

«Ao grande povo do Egito, tendo em conta que certos elementos fora da lei cometeram actos de vandalismo sobre propriedades públicas e privadas e aterrorizando os cidadãos, as forças armadas apelam a todos para não se reunirem nas ruas e praças principais», afirma o comunicado citado pela France Presse.

«As forças da ordem exortam todos a respeitarem o cessar-fogo entre as 18h00 e as 07h00 da manhã até nova ordem, sob pena de sanções legais», lê-se no mesmo comunicado.

Oposição insiste na renúncia

Grupos da oposição egípcia criticaram, entretanto, o discurso do presidente Hosni Mubarak, insistindo na sua renúncia, reporta a Efe.

«O discurso de Mubarak não corresponde às aspirações do povo», considera, em comunicado, a União Nacional para a Mudança (UNM), liderada pelo Prémio Nobel da Paz, Muhammad al-Baradei.

Esta organização, criada há um ano, para promover reformas eleitorais e políticas no país, entende que os egípcios devem continuar com os seus protestos, que começaram na terça-feira, «até que Mubarak se vá».

O Presidente egípcio Hosni Mubarak «deve partir», disse já este sábado o oposicionista Mohamed El Badaradei ao canal France 24.

Referindo-se ao discurso, o Prémio Nobel da Paz afirmou que foi «praticamente um insulto à inteligência das pessoas». Baradei disse que as palavras do Presidente «foram insultuosas e uma verdadeira provocação».

Número de mortos aumenta

O número de mortos desde o início dos confrontos subiu, segundo fontes no terreno, para 74. Há ainda registo de mais de dois mil feridos.

No entanto, fontes oficiais do ministério da Saúde, apenas confirmam 48 vítimas mortais desde a passada terça-feira. Só na sexta-feira terão perdido a vida nos confrontos, pelo menos, 38 pessoas. Entre os dois mil feridos estão 500 polícias.

Número um do exército regressa ao país

O chefe do Estado-maior egípcio, Sami Anan, que liderou uma delegação militar numa visita ao Pentágono prevista até quarta-feira, vai regressar ao Egito mais cedo, afirmou o general norte-americano James Cartwright.

Redes móveis parcialmente restabelecidas

Os serviços telefónicos móveis foram parcialmente restabelecidos este sábado de manhã, depois de um dia de protestos em que estes e o serviço de Internet foram cortados.

No entanto, o acesso à Internet, cortado sexta-feira para dificultar as manifestações hostis ao regime, não foi ainda restabelecido.
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