Sudão: milhares de estudantes nas ruas e negociações suspensas - TVI

Sudão: milhares de estudantes nas ruas e negociações suspensas

  • SS
  • 30 jul 2019, 13:46
Protestos no Sudão

Milhares de estudantes saíram esta terça-feira às ruas em Cartum e outras cidades do Sudão em protesto contra a morte de cinco estudantes, na segunda-feira, no centro do país

Milhares de estudantes saíram esta terça-feira às ruas em Cartum e outras cidades do Sudão em protesto contra a morte de cinco estudantes, na segunda-feira, no centro do país, segundo as agências internacionais.

A morte dos cinco estudantes, na cidade de Obeid, no Cordofão do Norte, centro do país, levou à suspensão das negociações previstas para esta terça-feira entre o Conselho Militar e os líderes do movimento de contestação no Sudão.

Dois dos líderes do movimento, incluindo um dos negociadores, citados pela agência France-Presse, explicaram que se encontram em Obeid e que, por isso, as negociações de hoje não se realizarão.

Milhares de jovens vestidos com uniformes escolares e de mochilas às costas marcharam nas ruas de Cartum e em outras localidades para denunciar a morte dos cinco estudantes.

O chefe do Conselho Militar, no poder, já condenou a morte dos cinco estudantes, classificando-a como "um crime inaceitável" que "não pode ficar impune".

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apelou às autoridades para que "investiguem e levem à justiça todos os autores da violência contra as crianças", indicando que os manifestantes mortos tinham entram 15 e 17 anos.

Os manifestantes acusam as Forças de Reação Rápida, dirigidas pelo número dois da Junta Militar que lidera o país, Mohammed Hamdan Daglo, de ter disparado sobre a multidão que protestava contra a falta de pão e combustível na cidade de Obeid.

Cinco estudantes foram mortos, na segunda-feira, durante uma manifestação pacífica na cidade de Obeid, no centro do Sudão, segundo um comité de médicos próximo do movimento de contestação sudanês.

O mesmo comité deu ainda conta de um número indeterminado de feridos.

O Sudão vive envolto num movimento de contestação desde dezembro de 2018, desencadeado pelo triplicar do preço do pão, mas que se transformou em contestação ao regime e levou à destituição, em abril, do Presidente Omar al-Bashir, após 30 anos no poder.

A contestação manteve-se para reclamar um governo civil e melhores condições de vida para as populações mesmo depois da constituição de um Conselho Militar.

A 17 de julho, os generais no poder e os líderes do movimento opositor concluíram, após difíceis negociações, um acordo sobre a criação de um Conselho Soberano composto por cinco militares e seis civis responsável por liderar o período de transição até à realização de eleições.

Desde dezembro, a repressão da contestação causou 246 mortos, incluindo 127 manifestantes mortos em 3 de junho num acampamento em Cartum, segundo um balanço do comité de médicos divulgado antes das manifestações em Obeid.

As autoridades apresentam balanços divergentes e com números de mortos e feridos bastante inferiores.

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