Os espanhóis acordaram esta segunda-feira com um cenário político ainda mais fragmentado depois das eleições deste domingo. O PSOE, de Pedro Sánchez, venceu, mas perdeu deputados, e a direita ganhou mais força, com o partido Vox, de extrema-direita, a subir a terceira força política. Assim, a formação de um governo parece ter-se complicado ainda mais.
No domingo Pedro Sánchez apelou a “todos os partidos” para que atuem “com responsabilidade e generosidade” de modo a que seja possível desbloquear o impasse político em Espanha e assegurou que pretende formar um governo progressista. Só que não explicou como pretende conseguir os apoios necessários para ser investido quando o PSOE, apesar de ter ganho as eleições, perdeu três assentos no parlamento, assim como o principal potencial parceiro, Unidas Podemos, que perdeu sete deputados.
Recorde-se que os socialistas elegeram 120 deputados, muito aquém da maioria absoluta que os 176 assentos permitiria, e, contabilizados os votos, o bloco dos partidos de esquerda (PSOE, Unidas Podemos e Mais País) totaliza 158 deputados num total de 350, enquanto o bloco de direita (PP, Vox e Cidadãos) alcança 152 lugares.
Em Madrid, o repórter da TVI Hugo Beleza explicou que as capas dos jornais desta segunda-feira mostram o sentimento que paira no país: um clima de indecisão sobre o futuro político.
O jornal El País, por exemplo, destaca que a aritmética de possíveis pactos é complicada e não há formação de governo à vista.
Já o ABC indica na capa que as urnas culparam Sánchez e Alberto Rivera, o líder do partido Cidadãos por esta situação de bloqueio. Rivera foi um dos grandes derrotados da noite: o Cidadãos passou de terceira força política (com 57 deputados) a sexta (elegendo apenas dez deputados). O político de origem catalã assumiu a derrota no domingo e apresentou a demissão de líder do partido, esta segunda-feira.
Se o Cidadãos foi o maior derrotado, o Vox foi o grande vencedor. O partido de extrema-direita ganhou 28 deputados e subiu a terceira força política (com 52 lugares). Por isso mesmo, o jornal La Razon apresenta na capa uma imagem do líder do Vox, Santiago Abascal.
O El Mundo, por sua vez, fala num "fracasso de Sánchez" e sublinha que os resultados destas eleições dificultam ainda mais a governabilidade.
Sete meses depois das eleições de 28 de abril, os espanhóis foram novamente chamados às urnas este domingo porque o primeiro-ministro socialista em funções, Pedro Sánchez, não conseguiu reunir os apoios suficientes para voltar a ser investido no lugar. Mas os resultados eleitorais deste domingo deixam ainda mais incógnitas que certezas.